Na Psicologia Social, este tema vem tomando muita força, afinal, esta nova realidade tem influenciando na subjetividade de muita gente, e é alvo de estudos em todas as esferas da vida acadêmica, assim como também é alvo de muita publicidade pró ou contra, reportagens escritas, faladas, televisadas e postadas na rede mundial de internet em seus vários e vários meios, como Twitter, Instagram, Facebook, TikTok, Kwai, WhatsApp, Telegram, entre outros, e claro, alvo principal de comentários, likers, compartilhamentos, cancelamentos e memes diariamente. As web celebridades que só crescem e inundam o mundo virtual com suas dicas, opiniões, conselhos, em seus Reels, Feeds e Stories, são um verdadeiro novo alvo de seus seguidores e apoiadores, assim como de seus Haters, que incansavelmente buscam qualquer mínima coisa para usar contra seus desafetos na web.
E como não poderia deixar de ser em nosso mundo capitalista, se criou a partir daí novas carreiras profissionais agregadas a tudo isso, são gerenciadores e promotores de canais específicos, produtores de conteúdos, V’js, D’js, blogueiros, influenciadores digitais, alguns tendo remunerações super, hiper, mega diferenciadas, e com isso está havendo migrações de profissionais formados em alguma outra área, seguindo para esta novas área, repleta de oportunidades e que pode ter maiores vantagens financeiras, é o mundo digital reinventando profissões.

Todos nós estamos cada dia mais escravizados pela rede de internet e suas inúmeras maneiras de entreter e lincar você, assim como qualquer um a elas de uma maneira escravizante, ou lhe deixar em estado de servidão, sim, e pior, sem perceber nos vemos clicando e abrindo os pop-ups que os algoritmos das redes sociais nos enviam a todo instante, pra saber o algoritmo é carregado pelas suas preferências de acessos, segue você sem que você perceba, e com esta arma nos deixam viciados, em letargia profunda.
Quem, mesmo que sem querer não soube ou acessou informações do último BBB? Vimos lá entre os participantes, toda a prepotência da cantora Karol Conká, assim como todo o carisma e charme de Julliete, a vencedora, nordestina que encantou a muitos e ainda por não parar de cantarolar “Deus me proteja de mim, e da maldade de gente boa, da bondade da pessoa ruim, Deus me governe e guarde, ilumine e zele assim”, que com isso sem querer levou o poeta Chico César aos “Top Teen”

Quem não soube da mal colocada opinião de Juliana Paes ao defender respeito e gentileza à médica Bolsonarista na CPI, com
isso ela se viu em uma teia de intrigas, onde gerou cancelamento, xingamento, e proliferou nas mídias sociais em uma velocidade gigantesca, ela se viu obrigada a fazer um depoimento em vídeo e publicar em seu Instagram, tentando que se explicar e se isentar da má impressão causada.

Quem não viu alguma coisa sobre a morte do Mc Kevin, que numa pulada de cerca mal fadada, regada a muita droga e bebida, cercado por amigos inúteis e oportunos, acabou pagando com a própria vida, sendo silenciado tão imaturamente.
E os ataques a Luíza Sonza? Como esta guria tem sorte com isso, há pouco tempo, era a pseudo vagabunda que chifrou seu ex, e agora com a infelicidade de seu ex, que viu seu filho prematuro falecer, ela é o alvo de muitas barbaridades que não se justificam.
São memes, apelos com coisa que não existem, fofocas, entre tantas coisas que haja paciência. Um artista plástico muito conhecido em sua época falou “No futuro todo mundo será famoso durante 15 minutos”, naquela época,

Andy Warhol (1928/1987) já via esta discussão muito vigente e previa que se estendesse para o futuro. Por causa do apelo que ele via em sua época, durante o cotidiano das pessoas famosas que ele conhecia e elas eram cercadas a todo instante por paparazzis, que só existiam porque tinham consumidor para o que eles levavam à tona em seus tabloides, revistas e jornais, era enfim a descompromissada liberação de muito da intimidade das celebridades, e claro,
muita fofoca e “disse-me-disse”. Ao atestar isso, Andy nem tinha noção ainda que poderia vir a existir estas novas técnicas de comunicação, e que os tais 15 minutos poderiam ser ultrapassados muito além dos 15 minutos, por uma leva muito grande de pessoas que chegariam lá mesmo sem ter noção alguma do que é isso.

A internet que ainda engatinhava naquela época, não dava nem sinal que seria este estouro todo que é hoje? Era uma incógnita, e quem diria que qualquer um poderia ter alguma chance real de ser celebridade sem ter ao seu lado o glamour do
cinema, teatro, música, tv, artes plásticas, e / ou literatura. Sendo apenas elas mesmas, dentro do seu contexto, sem filtros, nem interferências, pessoas com qualquer tipo de situação sócio econômica, onde suas influências histórico cultural tivessem tão presente e mesmo assim, se tornariam influenciadores, celebridades.
Isso com certeza seria improvável prever. Um exemplo bem especial é de um rapaz de classe média do interior de uma cidade do sertão do Piauí, que fazendo vídeos caseiros sobre o cotidiano particular e sem nenhuma pretensão ou conteúdo
impactante, mas que detém um carisma e uma veia cômica muito particular e grandiosa. Que dali surgiria um fenômeno de uma compreensão tão inalcançável como foi, e é a de Whindersson Nunes, já seria difícil pelo contexto e ainda tem o aspecto
que dificulta para alguns que é o do seu nome, de pronúncia peculiar e esdrúxula, mas que bombou tanto que mesmo assim ele ultrapassou os limites da rede, hoje está nos cinemas, streamings, na voz de cantores de sucesso com suas composições
muito criativas e de fácil absorção pelo público alvo dele, canções estas que viraram hits, também está nos palcos em todo o país e inclusive fora dele, em programas de TV, e quem pensaria que num discurso midiático improvável, ele chegaria à vôos
tão altos.

Isso sem contar nos anônimos que começaram com uma brincadeira em seu Tik Tok, como o jovem Mário Junior que já tem mais de 3,9 milhões de seguidores, com vídeos românticos, onde ensina e/ou dá pitacos de como conquistar uma garota, algo sem pretensão alguma de início. Outro exemplo é de Manoel Gomes, o cantor e compositor que escreveu o hit “Caneta Azul”, que virou um meme incrível e teve mais de 10 milhões de visualizações no Youtube. Penso que Manoel Gomes foi um dos casos previstos por Andy Warhol, ali só foi mesmo seus 15 minutos de fama. Mas são tantos outros exemplos, alguns
conseguiram até cargos públicos, se elegendo Deputado, vide o caso de André Fernandes, que fazia vídeos caseiros de seu cotidiano sem pretensão alguma, mas que atingiu um público que tomou partido de suas ideias e o conduziu à esfera política, e como eu não havia falado do Youtube, lá você vê de tudo, até por que qualquer um pode construir seu canal e dependendo do seu conteúdo viralizar rapidamente, tantos humoristas, cantores, artistas de circo, artistas plásticos, músicos, e não só a classe artística, tem os psicólogos, arquitetos, médicos, personal, maquiadores, modelos, atores, escritores, jornalistas, documentaristas, pastores, padres, monge budista, espíritas, entre tantos outros de uso profissional e/ou institucional, que
conseguiram visualizações em outro nível, outro patamar. Como já disse, temos o anônimo e inusitado que vagueiam por ai colhendo likes, compartilhamentos também.

Voltando para Whindersson, tudo se tornou realidade, numa ascensão que deu padrão aos que vieram depois dele, ele constituiu símbolos e significados, com uma força absurda que agora gera não só fãs e seguidores, likes e compartilhamentos, mas gerou escola para fama. Nestes tempos de BBB que para muitos vulgariza as relações interpessoais, para outros apenas populariza o que antes era só na vizinhança, ou seja, no seu círculo de convívio, passamos com isso a crer
que estas novas técnicas de comunicação vão além de qualquer explicação para que se compreenda o fenômeno das Web
Celebridades.
Afinal toda a ascensão, até a padronização que espelha para a construção do eu de cada um, com uma força tão peculiar que antes sugeria ter um alvo primário, mas com toda construção destes símbolos pela linguagem fluente, vimos que se adapta e domina em alguns a subjetividade do outro, infiltrando-se nela sem que se perceba, já que de uma certa forma coloniza as mentes e os corações de uma grande parte das pessoas conectadas, e como hoje passamos quase que 24h conectados, isso é muito fluente, se tornando uma ideologia dominante, as cobranças sobre o pertencimento não cabe mais apenas em rodas de conversas, extrapola todo o contexto, afinal a que tu pertences? E o direito de fala, para e começa onde? Já que se nivelou muito por baixo os valores culturais, e vimos como diz no texto que “o inalcançável pedestal das celebridades sendo invadido por qualquer um que se sobressaia da massa dos desconhecidos”, afinal é o “esfacelamento da fama”, com “o advento de tecnologias de projeção de si”, porque como disse Christoph Turke “ser é ser percebido”, e ponto final.

REFERÊNCIAS:
Vasconcellos, Amanda Meschiatti; Zanetti, Daniela (Web) celebridade: O sujeito ordinário e a narrativa cotidiana sob os holofote (2017)
Lumina – Revista do Programa de Pósgraduação em Comunicação (UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora-MG)

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