Chegamos ao século XXI, e com a chegada deste novo milênio, passamos a ter um turbilhão de informações chegando a todo instante, e viver com tudo isso o que seria um benefício virou uma incógnita, perceber que ainda assim somos muito mal informados, ou usamos muito mal as informações que recebemos, a internet veio com tantas possibilidades para se ter o conhecimento mais simplesmente, deixando tudo na palma das mãos, fácil, muita coisa pra ver e perceber. A internet é um fenômeno indiscutível que veio para contribuir, acrescentar, e olhe que este produto que inicialmente era destinado para uma classe de alto poder aquisitivo, transformou-se com o tempo em um produto de alta necessidade e o seu consumo tem se equiparado com o de água e energia, hoje estando em quase todas as casas (mesmo em muitas que até nem dispõem de esgoto e saneamento básico, mas tem internet) estando nas mãos de quase todos via celular, notebook ou tablet. Claro que a classe política logo virou seus olhos para este fenômeno, com toda uma preocupação especial, o poder público disponibiliza acessos, equipamentos, meios para que a classe menos favorecida também pudesse ter como navegar pelas ondas das redes, é uma nova fórmula de ludibriar e garantir votos, o amplo alcance que a internet pode proporcionar, irá servir futuramente nos projetos deles.
Fica uma pergunta: nossos jovens são preparados emocionalmente para todo o poder derivado da internet? Absorver tantas informações disponíveis na rede, diferenciá-las, não é assim uma tarefa tão fácil. Discernir e potencializar os benefícios disponibilizados é algo difícil para qualquer um, imagine jovens com tantos sonhos, desejos, vontades, dúvidas, receios, medos, um misto total de tudo e mais um pouco, afinal eles vivem numa velocidade super sônica que os diferencia das gerações anteriores, Segundo Zygmunt Bauman “A internet nos tranquiliza e nos dão a sensação de abrigo, afastando nosso medo inconsciente de sermos abandonados. Mas na verdade você está cercado de pessoas tão solitárias quanto você”, é uma solidão distribuída em bytes, likes, stories, reels, onde seu melhor amigo pode estar bem ali no Japão.
No seu dia a dia nossos jovens são tão frágeis que mesmo quando demonstram força exterior, por dentro estão esfacelados, e perceber isso ficou muito difícil, principalmente pros pais que com a maneira peculiar de educar e criar os filhos destes século XXI dificulta ainda mais todo o contexto, mesmo que a intenção deles não seja esta, é isso que acontece, distribui aos filhos toda uma proteção excessiva, não percebendo que com isso atrapalha a construção da subjetividade deles, os fragilizam, tornando-os dependentes, mimados, incapazes de ouvir um não, inseguros, imaturos, e para piorar eles acham como todos os adolescentes de todas as épocas passadas também achavam, que sabem e podem tudo, a eles e somente a eles, foi dado o direito da dúvida, e o de experimentar para ver o que realmente é, sem consequência alguma, mas quem disse que a privacidade é um direito deles, que os pais vez por outra não podem intervir e vistoriar os acessos destes jovens, esta atitude pode ser fundamental em vários casos possíveis que hoje acontecem com eles pela falta desta ação dos pais.
A expressão “Psicologia da Internet” foi criada a pelo menos uns 20 anos, para estudar a razão pela qual as pessoas mudam o comportamento em ambientes virtuais, qualquer um que navega pelas redes já percebeu uma ou outra modificação de comportamento e ou ação mesmo que leve de quem navega pela web, a web é a definição das relações entre redes, “World wibe web” com sua ampla teia mundial de longo alcance, de rapidez imensurável. A psicologia que estuda a mente e a alma do ser, como uma ciência humana e social que é, tenta a sorte de seguir por esta linha tênue que separa o real do virtual em nossos tempos atuais. A internet trouxe patologias nem sonhadas anteriormente, doenças normatizadas pela rede, como a nomofobia, que é tão somente o vício da escravização do celular, a dependência sistêmica que foi se enraizando e crescendo quase que imperceptível pelo doente, outra variação oriunda destes tempos é a síndrome do toque ou variação fantasma, geralmente afeta pessoas com apego ansioso ou apego evitativo, pessoas com esta síndrome tendem a se preocupar excessivamente com abandono ou falta de ser correspondido, por isso evitam intimidade por medo de se envolver, e mergulham pelas redes como sua única fuga, ainda temos o transtorno de dependência da internet e a cyber doença (náusea digital), todas estas dependências são comportamentais, assim como dependência por jogo, por compras compulsivas e ou compulsão alimentar, tudo ainda muito novo que a ciência vem estudando, se ambientando, para (Silveira 2004) “A psicologia tem como tarefa fundamental compreender as influências das mídias virtuais na formação e transformação da subjetividade, principalmente nos relacionamentos pessoais através dos meios digitais”.
Passando da psicologia da internet, para a psicologia na internet, com a vinda da pandemia, as fragilidades ficaram mais visíveis e mais corriqueiras, e ao psicólogo coube o sair do clinicar em um confortável lugar com seu divã, para chegar através das redes sociais a casa dos paciente para uma consulta virtual, isso de um certo modo ajudou muito, tornou mais acessível dentro deste novo formato a ida ao psicólogo pelo analisando, já que tínhamos que ficar em casa para o bem comum e a não propagação do vírus, ainda por cima, a pandemia trouxe a tona em muitas pessoas traumas que nem elas sabiam que tinham, alguns casos vimos uma piora nos quadros já existentes, o ficar em casa era muito sufocante, e o surtos aconteciam em intervalos cada vez menores, preocupando familiares e amigos, a todos do convívio do analisando. Os tempos estão muito difíceis, e os jovens têm sofrido também com tudo isso, afinal estão alguns privados da liberdade, do convívio com os amigos, do ir e vir, algo que pra eles eram inimagináveis de que iriam ter que passar por isso de alguma maneira tempos atrás.
Tudo ficou tão líquido, tudo é engolido vorazmente, segundo a segundo pelo próximo segundo que virá, afinal um segundo após o outro só caminha para completar o minuto, será isso mesmo? pela lógica sim, mas na velocidade com que chegam novas tendências, novas informações, novos conceitos, novas perspectivas, novas oportunidades, novas invenções, novas tecnologias, novas descobertas, novas saídas, são coisas até para quem tem fé no absurdo, ser inverossímil, antes, observava que as coisas eram mastigadas, hoje são engolidas, não existe tempo sobrando, não existe mensuração, não existe identificação, como disse Bauman, “Ao mesmo tempo que tudo se esvai rapidamente, também transborda”, o sucesso é tão rápido, quanto o fracasso, não se tem mais nada definido, apenas se define o fator x da questão pela importância naquele momento, se não derem importância, não tem valor algum.
Será moderno ser moderno? Afinal, a modernidade pode influenciar tendências pouco construtivas no humano do ser, já que o moderno atual é tão massificante, tão perverso, tão cruel, em suas narrativas o moderno atual só quer apenas mostrar o quanto pode confundir além de difundir, deixar transparecer ser essencial sem ter essência alguma, muita futilidade e fluidez num compasso desqualificado, desconstrutivo, dando valor ao pleonasmo usado para completar o vazio existente nas mentes, mentes que anseiam por ocupação e acabam sendo devastada com tanto vazio ecoando aos quatro cantos, levado aos quatro ventos por todo o tempo que for preciso, completando assim com a pouca informação obtida, mas que assim como chicletes grudam e ocupam o espaço que está. Fica a pergunta, se é tudo líquido, então podemos não se preocupar com tudo isso, já que logo, logo virá outra coisa e aquilo será substituído? Não ficará nenhum resíduo do que foi incontido ali nestas mentes ansiosas por algo ou alguma coisa? É sabido que uma casa se constrói pelo alicerce primeiro, e esta base sendo sólida, sustenta tudo, mas se somos vítimas ou cobaias da nossa cultura, e a quase ninguém foi disponibilizado uma boa cultura, o que esperar do humano de cada um? Se a cultura (alicerce) é a base da nossa socialização, somos um ser sociável por que somos fruto da nossa cultura cativa, e o contraponto de tudo isso é que somos sim um ser sociável, mas também estamos em eterna metamorfose, somos mutantes, em constante evolução, nascemos, crescemos, aprendemos, conhecemos, vivemos, ensinamos, racionalizamos, mais ou menos neste moto contínuo que compactuamos desde o início.
REFERÊNCIAS
Dependência psicologica da internet, https://www.oficinadepsicologia.com/test/dependencia-psicologica-da-internet/ acessado em 20/07/2021 as 23:52h
Moreira, Jacqueline de Oliveira, Mídia e Psicologia: considerações sobre a influência da internet na subjetividade (2010) http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2010000200009 acessado em 21/07/2021 as 00:10h
As doenças psicológicas nos tempos da internet (27/10/2015) https://prodoctor.net/blog/as-doencas-psicologicas-nos-tempos-da-internet/ acessado em 21/07/2021 as 00:12h
Nabuco, Cristiano, Psicologia da Internet: porque nos tornamos outras pessoas na vida digital… (04/10/2016) https://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br/2016/10/04/psicologia-da-internet-porque-nos-tornamos-outras-pessoas-na-vida-digital/?cmpid=copiaecola acessado em 21/07/2021 as 00:14h
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