PROFISSIONAL DE TI

Nunca se formou tantos profissionais em tecnologia como nestes dois últimos anos, segundo o site Você S/A, da Editora Abril, em uma postagem veiculada em mar./21. Transcrevo parte desta postagem: “20 milhões de brasileiros não têm emprego. Destes, 14,1 milhões estão em busca de um trabalho para chamar de seu, de acordo com o IBGE, enquanto os outros 5,9 milhões já jogaram a toalha e desistiram. Em contraposição a essa realidade está a área de Tecnologia da Informação, com muitas vagas em aberto e poucos profissionais para preenchê-las. Até 2024, serão 421 mil postos de trabalho criados no setor de TI por ano. Responsável por 6,8% do PIB brasileiro, o setor de TI movimentou R$ 494,7 bilhões em 2019. No último relatório do LinkedIn sobre profissões em alta, 9 dos 15 cargos destacados estavam relacionados à Tecnologia da Informação. As profissões ligadas à área também encabeçam os rankings das consultorias de recrutamento PageGroup e Robert Half.” [grifo meu]

Se as universidades e faculdades estão formando estudantes todos os anos, onde está o problema? Por que tantas vagas abertas? Há um GAP de profissionais de TI no mercado de trabalho, principalmente no Brasil. Neste sentido, é o que vamos expor nesta matéria especial da Revista Carreiras TI.

Segundo os dados da Brasscom – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, são contundentes e têm como principal função apontar os atuais profissionais de TI e o mercado no Brasil. Atualmente são requeridos pelo mercado de TI, em todo o Brasil, cerca de setenta mil profissionais por ano. Contudo, as universidades e faculdades só conseguem formar e “entregar” cerca de 46 mil profissionais para ingressarem no mercado; mas vale salientar que este número de formandos anualmente no Brasil é um pouco exagerado, pois as universidades e faculdades não conseguem entregar todos os 46 mil universitários aptos, capacitados e qualificados para as exigências do atual mercado. Com isso, a demanda aumenta para 420 mil profissionais por ano sem preencher as vagas disponíveis nos próximos anos. Outro ponto é que o profissional precisa, além de estar apto na área de TI de sua formação, saber inglês, desenvolver metodologias ágeis e manter o melhor relacionamento interpessoal para atuar no mercado, ou seja, desenvolver a tão conhecida inteligência emocional. A maioria das pesquisas indicam que a cada dez profissionais contratados, nove são demitidos depois de um período, por não desenvolverem habilidades e competências emocionais, mais conhecidas como Soft Skills.

O viés desses números, temos atualmente no Brasil cerca de 14,1 milhão de pessoas desempregadas. Muitos desses profissionais disponíveis são da área de TI e são formados com diplomas devidamente registrados, mas não conseguem nenhuma colocação, talvez pela fraca formação acadêmica, ou perfil escolhido para a profissão errada etc.

Existem no Brasil de hoje mais de 2,4 mil instituições de ensino, proporcionando diversos cursos para formar o maior número de profissionais para trabalharem no mercado. Em contrapartida, essas instituições brigam feio para baixar o preço e deixar o curso sustentável, a fim de evitar a evasão escolar, cada vez mais alta nos meios acadêmicos.

Ainda no maior contrafluxo da história, as instituições que formam diversos profissionais, sejam eles técnicos ou de nível superior, temos o problema da conta não fechar e os totais não baterem, ocasionando grande demanda desses profissionais com formação e com qualidade nessa formação Entretanto, nos dias de hoje, ter o diploma ou certificação em alguma área de TI não é mais sinônimo de contratação imediata. Então, o que as empresas estão fazendo? Estão contratando sem o nível superior, o que está valendo é o conhecimento; aliás, o conhecimento sempre valeu e foi superbem aceito no mercado de trabalho, ainda mais aliado com a diplomação. Fato não mais encontrado na maioria dos profissionais formados porque estão sem a devida qualificação.

Neste sentido, quem tem conhecimento sem ter diploma de nível superior, está encontrando as portas escancaradas para ingressar em vagas não ocupadas por profissionais de TI formados, que estão escassos. Segundo os especialistas vale mais o conhecimento aliado com experiência e um bom portfólio para iniciar na área.

Recentemente, uma matéria veiculada no site Exame trouxe uma matéria que dizia o seguinte: … falta de atualização dos cursos superiores convencionais, aliado às mudanças constantes no mercado de TI levam empresas a investir em gente fora dos bancos universitários… [grifo meu]

Hoje não é mais uma situação de corte ao contratar um profissional de TI, caso não tenha o diploma de nível superior. Portanto, foi-se o tempo que a contratação só acontecia se tivesse o diploma.

Neste sentido, o mercado de TI está contratando os profissionais que optaram por não estudar em um curso superior, seja qual for o motivo da decisão de não estudar em uma faculdade ou universidade. O fato é que atualmente é uma nova tendência seguida pelas empresas ao contratar um profissional sem nenhum diploma na área de TI. As empresas atualmente buscam por profissionais com os conhecimentos que atendam às suas necessidades e algumas estão dispostas a pagar cursos para aperfeiçoar o profissional na área de atuação. Não mais importa a forma que o conhecimento foi adquirido pelo profissional sem formação acadêmica. Seja por cursos, autodidata, leituras de livros etc.

Por faltarem profissionais capacitados para preenchimento das vagas abertas, as empresas estão optando por abrir mão dessa exigência do diploma. Veja um exemplo: digamos que uma empresa, ou uma startup, recebe um aporte milionário da noite para o dia; esta empresa ou startup vai precisar, da noite para o dia, contratar centenas de profissionais de TI para seu quadro de profissionais. Onde conseguir os profissionais, se as faculdades não estão conseguindo “entregar” mão de obra qualificada?

Esse assunto é muito delicado e envolve autoridades da área de educação no Brasil, instituições de ensino superior, docentes etc. A lista é imensa e se não houver mudanças dentro de mais alguns anos, a conta não fechará nunca mais. Sempre faltarão profissionais e cada vez mais as salas de aulas estarão vazias, sem alunos, com os professores desempregados e as instituições superiores particulares, falidas.

Então podemos salientar que essa exigência do diploma caiu por vários motivos. Um deles, talvez o principal, é referente à falta dos profissionais formados em TI. As empresas também buscam profissionais com perfis diferentes. Outro motivo, é que as faculdades não estão conseguindo acompanhar as diversas mudanças na área de TI, de acordo com as novas tecnologias, conforme já mencionado.

 A tecnologia nos trouxe muitas alegrias, vantagens, e também as formas como as pessoas estão buscando conhecimento, sem ser necessário a fonte de conhecimento ter vindo, necessariamente, de uma sala de aula da faculdade. Podemos estudar em um curso EaD ou em um curso totalmente on-line, com hora e data específica. Através da tecnologia temos contato com internet de alta velocidade, computadores de ponta, diversas fontes de conhecimento etc.

Talvez seja por isto, o outro viés do profissional formado e com diploma embaixo do braço, mas que não consegue nenhuma colocação profissional, por não estar apto com os devidos conhecimentos, para ingressar no mercado de trabalho, não estar em conformidade com as exigências dos perfis das vagas elencadas pelas empresas na hora de contratar um profissional. Se as faculdades não “entregam” o número necessário de profissionais por ano, segundo as necessidades do mercado, destes profissionais formandos, somente uma pequena parcela estarão aptos, logo, conseguem ingressar no mercado de trabalho com possibilidades de contratação para iniciantes.

Uma coisa é “entregar” atualmente 46 mil profissionais aptos, qualificados, preparados, com conhecimentos técnicos mínimos para atuarem no mercado de trabalho. Outra coisa é formar 46 mil profissionais e somente cerca de 10% a 15% estarem aptos para o mercado de trabalho.

Agora, não pense que, pelo fato de não ter diploma, conseguirá entrar de imediato em uma vaga de emprego. Não é bem assim que “a banda toca”! Se tiver dois ou mais profissionais competindo para a mesma vaga, aquele candidato ou candidata que tiver o diploma terá prioridade na contratação. Podemos dizer que o seu nível de conhecimento deverá ser muito superior ao dos outros candidatos para ser contratado sem diplomação. Você precisa entender que as empresas estão deixando de lado o entrave de cobrar o diploma. O nível superior ainda está sendo observado de perto pelas empresas, e vai depender da área de atuação do candidato. Então não é uma regra, é mais um facilitador para a contratação sem diploma para suprir as vagas em aberto.

Precisamos entender o mercado de trabalho. Imagine empresas prestadoras de serviços de mão de obra qualificada, mais conhecida como serviços terceirizados. Essas empresas têm contrato, por exemplo, com órgãos do Governo Federal. E o contrato exige diversos profissionais altamente qualificados, com certificações, por exemplo. Não exige formação de nível superior, mas com certificações. As certificações são a prova de que os profissionais estão qualificados para trabalharem com uma determinada ferramenta, metodologia etc.

As certificações certificam que o candidato fez uma prova que testifica que ele têm as qualificações técnicas para trabalhar com Banco de Dados, por exemplo, se a única exigência é somente essa. A empresa precisa de um profissional com este perfil para trabalhar com Banco de Dados, mas não encontra, porque muitos profissionais formados estão sem a certificação exigida, têm a formação, mas não têm a certificação. Outro exemplo prático: é o profissional sem a formação acadêmica, mas que tem a certificação. Como se explica? Simples, para ter a certificação não é necessário ter diploma. Há certificações muito específicas que dependem que o profissional seja formado e com anos comprovados na profissão, mas são poucas. Na maioria, basta estudar em casa, somente com o acesso ao material fornecido pela certificadora e pronto, ou estudar através de um curso específico. Se passar, estará apto para ingressar na situação hipotética narrada aqui, e a empresa terceirizada terá o profissional para alocar em seu quadro. Mesmo assim, deverá ser passar por testes práticos, que comprovem a capacitação do profissional naquela certificação.

Sempre vai depender muito da empresa que está contratando e o seu nível de conhecimento do profissional, se será cobrado o diploma ou somente o nível técnico do candidato. Contudo, estudar em uma faculdade atualmente, leva, por baixo, de quatro a seis anos para capacitação a nível de exigência do mercado de trabalho. Fora o valor gasto, no caso de a instituição ser particular. Isto sem contar que o estudante não poderá reprovar em nenhuma disciplina durante os anos de curso.

Neste sentido, há também a exigência para as pós-graduações. O estudante acaba de cursar a faculdade e já “engata” em um curso de pós-graduação, mais conhecido como especialização. Não tenho dúvidas, que este tipo de profissional, se dedicando e realmente aprendendo todo o conteúdo, estará ainda mais capacitado para o mercado de trabalho.

Portanto, após a graduação cursar uma pós, é fantástico. Porém, são muitos os profissionais com formação acadêmica e pós-graduação. Tanto na graduação como na pós-graduação foi um excelente aluno, com excelentes notas, mas sem o conhecimento técnico requerido pelas empresas. De que adianta o diploma de nível superior e o certificado de especialista, se lhe falta o conhecimento? Têm alunos que “estudam somente para passar” com excelentes notas – e esquecem o principal, o conhecimento!

É verdade que estão contratando sem diploma? Sim, é verdade! Basta ter o conhecimento, e pronto? Não. Só o conhecimento não é suficiente, tem que ter, além do conhecimento comprovado, uma boa dose de inteligência emocional.

A inteligência emocional é outra coisa que as empresas estão buscando em seus candidatos. São fatores que são levados em conta quando há comprovação se tem ou não diploma. Mesmo com diploma, serão exigidas habilidades e competências emocionais, mais nível técnico. Ninguém quer contratar um profissional que não tem formação nenhuma, não tem conhecimento e não tem habilidades e competências desenvolvidas.

Algumas empresas, na contratação, têm a aprovação de um profissional sem formação acadêmica, mas com características de uma pessoa com qualidade em inteligência emocional e médio nível técnico. A empresa vai capacitar esse profissional na área técnica, visando investir e acreditar que o candidato irá aprender as necessidades intelectuais para desenvolver o serviço. Treinar o profissional é talvez a parte mais fácil, por isso algumas empresas até querem treinar o profissional em vez de continuar com a vaga em aberto.

São muitas possibilidades para ingressar na área de TI pela porta da frente. Existe um ditado popular: “Não deixe a faculdade atrapalhar seus estudos”. Estude, capacite-se, seja por meio de um curso superior, pós-graduação e certificações. Faça o que for possível em prol de seu conhecimento e de seu bolso, ou seja, se tiver condições, estude a graduação, pós-graduação e tire o número máximo de certificações, faça diversos cursos fora de sua área de atuação, como, por exemplo, inteligência emocional. Aprenda também no que você pode melhorar como indivíduo inserido em uma sociedade cada vez mais perdida.

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Ew Sistemas TI.