Peter Drucker, famoso consultor de gestão empresarial, brilhante professor, considerado o “Pai da Administração Moderna” nos presenteou com esta pérola:

“Aceitamos o fato de que aprender é um processo vitalício de manter-se a par das mudanças. E a tarefa mais urgente é ensinar as pessoas a aprender.”

Peter Drucker faleceu em 2005, mas tinha a correta percepção da necessidade do aprendizado contínuo para encarar as mudanças de um mundo em constante evolução.

Na década de 1990, em um período após a Guerra Fria, com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética, a Escola de Guerra do Exército dos EUA (US Army War College), cunhou o termo VUCA, um acrônimo em inglês, para caracterizar um cenário que não haveria mais um único inimigo e isso resultaria em novas formas de ver e reagir: VolatilityUncertaintyComplexity e Ambiguity – volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.

Passados mais de 30 anos, o acrônimo VUCA continua representando os cenários de mudança e de evolução: 

Volatilidade (Volatility) – Está relacionada à natureza e à dinâmica das mudanças e com a velocidade com que essas mudanças ocorrem. A única certeza que temos é que teremos mudanças, sejam no mercado de trabalho, na sociedade, na indústria, na tecnologia, nos padrões dos processos e nas pessoas.

Incerteza (Uncertainty) – Está relacionada à falta de previsibilidade, à surpresa e à falta de compreensão sobre a forma como os eventos ocorrem e como as coisas acontecem no mundo. 

Complexidade (Complexity) – Está relacionada em fazer escolhas e encontrar soluções realmente eficientes.  Vivemos em um mundo cada vez mais complexo que busca constantemente desenvolver novos produtos, novas ferramentas e novos serviços a partir das grandes demandas da sociedade e das tecnologias existentes. O volume de informações disponíveis para processar ou analisar é gigantesco.

Ambiguidade (Ambiguity) – Está relacionada a como as coisas estão em constantes mudanças e sempre existe mais de uma interpretação. É um complemento das características anteriores que se transformam e passam a exigir mais de uma interpretação, tornando complicado definir as respostas corretas e erradas sobre algo.

Este é o mundo VUCA!!!

Mais recentemente, em 2019, o futurólogo Jamais Cascio, cunhou o acrônimo BANI, para expressar alguns complementos e consequências sobre o mundo VUCA.

É a transição do mundo VUCA para o mundo BANI…

Para Cascio, o acrônimo significa:

Frágil (Brittle) – As constantes mudanças do mundo VUCA deixaram frágeis as estruturas dos sistemas como um todo. Os exemplos recentes da pandemia do COVID-19 e a recente Guerra na Ucrânia confirmam que as “ameaças aos sistemas” podem estar em todo lugar e mesmo que tudo pareça estar funcionando 100%, os sistemas são frágeis.

Ansioso (Anxious) – As incertezas do mundo VUCA ficaram arraigadas na sociedade e na mente das pessoas, tornando-as ansiosas, mesmo com o imenso volume de informação disponível pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação.

Não Linear (Nonlinear) – A complexidade experimentada no mundo VUCA foi alterada para a não-linearidade. Isto representa que não reconhecemos mais o início e nem o fim dos eventos. Planos de longo prazo? Podem não fazer mais sentido, pois devemos estar preparados para avançar e voltar, como se estivéssemos no tabuleiro de um jogo.

Incompreensível (Incomprehensible) – A ambiguidade conhecida do mundo VUCA tornou-se incompreensível. Os eventos, causas e decisões não lineares, em muitas situações parecem carecer de qualquer tipo de lógica ou propósito – eles são incompreensíveis. Não entendemos as causas porque elas podem ter desaparecido há muito tempo ou podem parecer totalmente sem sentido. 

E nós, como indivíduos, força de trabalho da sociedade, como ficamos?

Como nos adaptar e estar em condições de responder adequadamente aos tempos de mudanças?

É aí que faz sentido desenvolver uma mentalidade (mindset) apropriada aos desafios do mundo VUCA/BANI.

O que é mindset?

A professora de Psicologia da Universidade de Stanford, Carol S. Dweck pesquisou ao longo dos anos a atitude mental com a qual encaramos a vida e a descreveu como mindset.

Para ela, podemos desenvolver dois tipos de mindset:

  • Mindset fixo é a mentalidade daquelas pessoas que acreditam que nasceram predestinadas ao sucesso ou ao fracasso e que isso não pode ser mudado.
  • Mindset de crescimento é a mentalidade das pessoas que querem aprender, que querem desenvolver habilidades que podem levá-las ao sucesso e que o fracasso pode ser evitado. 

As pessoas que desenvolvem o Mindset fixo têm dificuldades em ver as próprias limitações e creem que a inteligência e a habilidade são natas, por isso evitam os desafios por medo de revelar suas fraquezas e encaram os problemas sem esperança em resolvê-los.

Já quem desenvolve o Mindset de crescimento crê no desenvolvimento da inteligência e da habilidade, busca o aprendizado para superar as próprias limitações e enfrenta os problemas com entusiasmo.

No mundo volátil e ambíguo do século XXI a mentalidade de mindset fixo se constitui uma barreira em um ambiente digital, conectado e multifacetado.

Surge, então, a necessidade de profissionais que possuam uma mentalidade digital – digital mindset.

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mentalidade digital diz respeito ao comportamento que as pessoas têm diante da tecnologia, do ambiente digital e da convergência disso com os processos organizacionais.

É uma forma como as empresas e seus colaboradores se relacionam e aplicam as tecnologias ao negócio, considerando as estratégias, o emprego de recursos e de ferramentas de soluções tecnológicas inteligentes na solução de problemas.

O que a mentalidade digital tem a ver com a Indústria 5.0?

Antes de falar sobre a Indústria 5.0 vamos lembrar as eras anteriores.

O setor industrial passou por muitas evoluções tecnológicas ao longo dos últimos 300 anos.

A Indústria 1.0 – Primeira Revolução Industrial – foi caracterizada pela criação do motor a vapor e dos primeiros teares mecânicos. O uso da energia a vapor para fins industriais aumentou a produtividade e o processo manufatureiro cresceu nas grandes cidades.

A Indústria 2.0 – Segunda Revolução Industrial – teve seu marco importante do avanço tecnológico com a invenção (descoberta) da eletricidade. Naquela época surgiu a manufatura de produção em massa, a linha de produção em série e a criação de novos motores e equipamentos mecânicos, que forneceram a base para o surgimento de grandes indústrias e produtos inovadores: veículos, telefones, rádios e aviões. Tudo feito de forma mais rápida e com custos menores.

A Indústria 3.0 – representa a Terceira Revolução Industrial e surgiu no período pós-Segunda Guerra Mundial. Além das transformações industriais tivemos o acentuado avanço do uso de tecnologia computadorizada nos processos industriais. O diferencial foi a integração entre ciência e produção na automação dos processos de produção sem assistência humana.

Já a Indústria 4.0 – Quarta Revolução Industrial – trata da digitalização da manufatura, isto é, o emprego das Tecnologias de Informação e Comunicação digitais para revolucionar a produção industrial, tornando o “chão de fábrica” em uma indústria mais inteligente e impulsionada por dados e trabalhando em rede.

Indústria 4.0 é a consequência de todas as três revoluções anteriores. Ela se apoia na automação, na computação e na conectividade, visando o desenvolvimento de fábricas inteligentes, versáteis e eficientes.

Indústria 5.0 não veio para substituir a Indústria 4.0 e nem para acabar com a mão de obra, substituindo o ser humano por máquinas ou robôs. 

Na Indústria 5.0 os recursos humanos são o centro das coisas, rodeados pela automatização que torna suas demandas possíveis.

Ela veio para ser uma evolução natural usando a tecnologia desenvolvida na Indústria 4.0 para oferecer mais benefícios para o ser humano, por meio da utilização da alta capacidade das máquinas para manter elevados volumes de produção, porém com uma qualidade superior, contando, efetivamente, com a colaboração humana.

Benefícios esperados da Indústria 5.0:

otimização da gestão de custos, por meio de um processo produtivo conduzido de maneira mais econômica, assertiva e lucrativa. A relação homem-máquina vai buscar entregar produtos exatamente do jeito que o cliente desejar — atendendo às suas necessidades e ampliando seu alcance entre os públicos-alvo.

Na Indústria 5.0 a participação humana – o capital humano das empresas deve-se tornar uma ferramenta estratégica dentro da estrutura organizacional do negócio, empregando o potencial humano integrado aos sistemas tecnológicos e inteligentes. Será a inteligência humana à frente dos processos.

Mesmo que a automatização não seja o grande foco conceitual da Indústria 5.0, ela terá um importante papel no desenvolvimento da manufatura e dos processos fabris.

Qual será a mentalidade digital exigida para a Indústria 5.0?

Para atender às demandas específicas da Indústria 5.0 as empresas irão em busca de talentos que tenham a “mentalidade aberta” às novas experiências do ambiente de trabalho, que valorizem a experimentação e a inovação.

Os profissionais com “mentalidades orientadas” à curiosidade, à adaptabilidade e à flexibilidade e que conheçam as tecnologias emergentes, como as atuais tecnologia de telefonia de 5ª geração (5G), Big Data, Analytics, Inteligência Artificial, Aprendizado de máquina, Blockchain, Internet da Coisas, robôs colaborativos (COBOTs), nanotecnologia, WI-Fi 6, a análise do comportamento em redes sociais e as tecnologias disruptivas que vierem pela frente serão aqueles que irão garantir a empregabilidade no mercado da Indústria 5.0.

Voltando a parafrasear Peter Drucker: “a tarefa mais urgente é ensinar as pessoas a aprender.”

Aprender as habilidades tecnológicas, de pensamento crítico, de mentalidade analítica e habilidades de comunicação será um diferencial.

Os avanços tecnológicos exigem aprendizado e reaprendizagem contínuos!

Empresas e colaboradores devem se preparar para desenvolver a Mentalidade Digital, necessária e fundamental como respostas às tendências de mercado e as grandes mudanças e transformações do mundo VUCA.

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