Para alguns, mesmo depois de tantas mudanças e reviravoltas que tivemos nos últimos tempos, ainda assim, não consegue acreditar ou não se convence de que as emoções podem adoecer alguém realmente.

É como se a pessoa que está sofrendo por estas dores esteja apenas fingindo, ou se esquivando de ter uma vida mais perto do normal. E toda esta truculência só vai ser desmascarada quando as dores são delas próprias ou de alguém que elas amam. Entendo aqui que estas pessoas ainda estão na era de São Tomé: “Ter que ver para crer”, só que no caso, ter que viver tais dores ou presenciar mais de perto para sentir na pele.

As emoções adoecem qualquer um, ninguém é imune, e isso não é de hoje, sempre existiu, aí eu venho mais uma vez com o que pode parecer muito clichê, falar aqui do que está muito presente desde março de 2020 para cá, atrelar tudo ou quase do que estamos vivendo a Pandemia Covid-19 e suas variantes.

Ela tem sim um tanto de culpa neste fenômeno que estamos vivenciando, sendo um potencializador contumaz, que mesmo em pleno século XXI, com toda a pressa destes novos tempos que vivemos, apesar de o homem estar se superando cada vez mais, descobrindo ou aprimorando o que já existia de uma forma nunca pensada, e em tempo recorde muitas vezes, o esgotamento emocional vem sendo fortalecido e com isso vem vencendo as pessoas.

Mesmo nesses novos tempos, a Pandemia foi um algoz voraz, deixou as grandes nações do planeta rendidas, atônitas, aliás, todas as nações, sem saber o que fazer logo de início, e depois com medo incomum enclausurou uma grande parte da sua população.

E aqueles que estavam na linha de frente viram e sofreram vendo ou sendo vítimas deste vírus mutante e invisível que não respeita e nem dá trégua, e com ele livre para suas ações, levando quem ele conseguir levar, adoecendo muitos, nós ficamos aflitos, e enclausurados só podíamos mesmo desenvolver todas as mazelas possíveis e nunca antes imaginadas.

O nível de adoecimento mental em todo o planeta deu um pico gigantesco nestes últimos dois anos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Medscape mais de 15 mil médicos e profissionais da saúde estão sofrendo com a Síndrome de Burnout, (estima-se que algo em torno de 89% destes profissionais estão sofrendo com algum trasntorno) além da Síndrome de burn-out, vemos a Ansiedade e a Depressão, e com isso as taxas de Suicídio aumentaram demasiadamente neste período, sendo as profissionais do sexo feminino as mais atingidas pelo Esgotamento Emocional.

Mas é óbvio que não se restringe apenas aos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais da área de saúde, nossos policiais, agentes penitenciários, professores, farmacêuticos, psicólogos, entre tantas profissionais que sucumbiram a esse fenômeno atual.

Percebeu-se que muitos que já lutavam contra suas dores silenciosas viram elas se agigantarem, e delas desenvolver outros transtornos, perceber-se fragilizado, não é nada fácil, as vítimas de ansiedades, depressão, e tantos outros transtornos que sem cuidado podem chegar a um grau de piora com efeitos inimagináveis.

A partir de janeiro de 2022 a OMS – Organização Mundial de Saúde já confirmou que a Síndrome de Burn-out mudou de classificação, portanto ela será considerada uma doença relacionada ao trabalho e não necessariamente ao trabalhador. 

Hoje com o crescimento do Esgotamento Emocional, percebemos que está desestabilizando vários campos produtivos da sociedade, especialmente com a competitividade que vivemos, as pressões por maior produtividade e cobranças pelo cumprimento de metas, todas as relações conflitivas interpessoais, as expectativas e as frustrações profissionais, e também a transferência causada pelas angústias alheias, dentre tantos outros fatores explícitos no nosso mundo, podemos verificar, o crescimento de uma condição clínica, a qual chamamos de burn-out.

Palavra de origem inglesa que significa “Queimar até definitivamente cessar”. Figurativamente, é como algo que vai sendo consumido (que vai deixando de funcionar) até à exaustão total.

Também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional ou Síndrome de Burn-out, que se desenvolve em decorrência de exposição significativa a situações de alta demanda emocional no ambiente de trabalho. Este transtorno foi descoberto pelo psicólogo alemão Herbert J. Freudenberger (1926/1999), foi o primeiro a falar sobre esta Síndrome.

Segundo o Ministério da Saúde, a “Síndrome de Burn-out ou Síndrome do

Esgotamento Profissional”, causa um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

A principal causa desta doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como os policiais, médicos, enfermeiros, professores, farmacêuticos, jornalistas, psicólogos, dentre outros profissionais, vimos isso bem recentemente nas olimpíadas de Tóquio com a ginasta americana Simone Biles.

Ela pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidade suficientes para cumprir.

A Síndrome de Burn-out pode resultar em estado de depressão profunda, fobias e por isso é essencial procurar apoio profissional no surgimento dos primeiros sintomas, é muito confundida com a Depressão, por ter como estrutura a tristeza profunda, mesmo sendo manifestadas de maneiras diferentes. Onde o diferencial é que ela causa prejuízos no desempenho profissional. Ao exaurir toda a nossa energia física e mental, reduzimos toda a nossa potencialidade, desenvolvendo:

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Tensão
  • Irritabilidade
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Insônia.
  • Dificuldades de concentração.
  • Sentimentos de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimentos de derrota e desesperança.
  • Sentimentos de incompetência.
  • Sintomas de Tristeza
  • Alterações repentinas de humor.
  • Isolamento.
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíacos.

Somente um profissional da área pode diagnosticar a pessoa com Síndrome de Burn-out, e os mais indicados são o Psicólogo e o Psiquiatra. Buscar ajuda é fundamental, muitos não conseguem perceber os sintomas negligenciando a situação.

Para a Psicanálise é preciso introduzir as movimentações e discursos sociais, voltando o foco para a saúde no trabalho, daí lançar o olhar sobre o trabalhador como sujeito do desejo e as possibilidades de intervenções que podem ser feitas. realizando uma análise dos possíveis antecedentes que desencadearam a Síndrome de Burn-out.

Trazendo os discursos sociais e o capitalista, a posição narcísica do sujeito e os investimentos libidinais dele. A partir daí, visar a entrada no sofrimento, percebendo os conceitos de melancolia, por saber que nesta fase o sujeito depara-se com as perdas simbólicas no trabalho.

Já o conceito de masoquismo, é apresentado como o gozo do sofrimento e uma forma de reserva da vida. Logo, as formas de tratamentos para o transtorno com o psicoterapeuta, como testemunha e instigador da circulação da palavra do sujeito, para ressignificar o real.

Trabalhar excessivamente, ininterruptamente é um dos principais fatores para o desenvolvimento da Síndrome, é necessário descansar, desligar da rotina e compromissos laborais, o corpo e a mente precisam recarregar as suas baterias para o próximo dia.

O esgotamento emocional desregula todo o nosso sistema biológico, é como se fosse jogado uma imensa rocha em nosso corpo e o víssemos perecer, independente da composição mental de cada pessoa qualquer um pode sentir.

A psicoterapia pode ajudar de maneira mais ativa e rápida, induzindo o indivíduo a fazer um recondicionamento da própria vida, priorizando o que é realmente importante, esclarecendo tudo que não é visto neste declínio de sua saúde, em alguns casos podem ser prescrito pelo psiquiatra alguns medicamentos que serão necessários para que tudo se desenvolva mais adequadamente e flua com mais eficácia, servindo como um reforço produtivo.

REFERÊNCIAS:

Belarmino, Adriane. O Olhar da Psicanálise sobre a Síndrome de Burnout, Enquanto Sofrimento Psíquico no Trabalho. (2017) Santa Rosa-RS. Disponível em:

http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/4318 Acessado em

12/12/2021 às 11h

Síndrome de Burnout. Ministério da Saúde do Brasil. (2020) Disponivel em:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout Acessado em

12/12/2021 às 11h

Medanha, Marcos Henrique; Bernardes, Pablo Ferreira; Shiosawa, Pedro. Desvendando o Burn-Out, Uma Análise Interdisciplinar da Síndrome do Esgotamento Profissional. (2018) LTR Editora Ltda. São Paulo-SP.

Sage, Bruno. Síndrome de Burnout. (2020) Disponível em;

https://tagfit.com.br/o-que-e-sindrome-de-burnout/ Acessado em 12/12/2021 às 12h

Síndrome de Burnout: Causas Sintomas e tratamentos. (2020) Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/sindrome-de-burnout/ Acessado em: 12/12/2021 às 13h

Síndrome de Burnout e Depressão continuam a crescer entre os médicos  (2021)

https://pebmed.com.br/burnout-e-depressao-continuam-a-crescer-entre-medicos/ acessado

em 21/12/2021 as 19h.

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