Apresentação
Rinaldo Pitzer Junior é desenvolvedor, autor, palestrante e criador de conteúdo sobre Java. Atua há mais de 10 anos com o desenvolvimento de soluções Java e JEE. Apaixonado por tecnologia, desafios e inovação.
1.Fale sobre sua formação na área de TI.
Bacharelado em Sistemas de Informação, MBA em Engenharia de Software.
2. A Tecnologia da Informação possui uma extensa área de atuação. Por que você escolheu o desenvolvimento de software?
Desde o meu primeiro computador eu já sabia que queria trabalhar nessa área. Eu era muito curioso em como criar programas, como era possível comandar a máquina a fazer o que eu desejava. Demorei para entender, mas na faculdade tudo fez sentido.
A área de desenvolvimento foi sempre o que me trouxe a sensação de solucionar desafios. Cada problema a ser resolvido é um quebra-cabeça, e conseguir criar a solução gera um sentimento de conquista que me prendeu nessa área.
3. Você teve algum mentor ou inspirador para escolher a área de desenvolvimento?
Quando criança conheci pessoas que eram formadas na área e que mantiveram o meu interesse, mas eu sempre fui muito mais movido pela curiosidade em computadores. Se alguém tornou isso possível, foram meus pais que desde cedo conseguiram comprar um computador no qual eu podia exercitar minha curiosidade.
4. Como fez a transição de estudante para profissional na área de TI? Fez estágio? O estágio ajudou para isso?
Fiz um estágio no Banco do Brasil onde pude praticar algum nível de programação. Não havia um processo de desenvolvimento de sistemas, mas envolvia a criação de vários scripts em VBA, o que me ajudou bastante a treinar minha lógica de programação, organização de código, criação de componentes e coisas relacionadas.
O estágio certamente me ajudou a conseguir um emprego posteriormente, e recomendo, fortemente, a quem deseja trabalhar com programação. Existem muitos estágios que contratam pessoas da área de TI apenas por “saberem mexer no computador”. Se possível, evite esses estágios e encontre um onde possa realmente exercitar a profissão na área que deseja.
5. Quais foram as dificuldades iniciais para trabalhar como desenvolvedor?
Principalmente o desconhecimento de frameworks e ferramentas de mercado. Nas faculdades aprendemos muitos conceitos e, em alguns cursos, vemos um pouco do processo de desenvolvimento. Quando fui procurar meu primeiro emprego me deparei com inúmeras siglas e nomes de ferramentas que nunca tinha ouvido falar e que eram essenciais para o trabalho. Felizmente, a comunidade de programação é uma grande produtora de conteúdo, e pude aprender muita coisa a partir deles. Não digo isso diminuindo o valor da graduação, que foi muito importante, mas acho que podemos melhorar alguns pontos na formação de especialistas de software.
6. Alguns dizem que trabalhar com desenvolvimento de software não é uma função específica: é uma maneira de pensar, uma metodologia, um estilo de vida. Outros dizem que o profissional de desenvolvimento trabalha em um ambiente estressante e difícil. Você concorda com essas afirmações?
Acho que ser um estilo de vida é algo muito pessoal. Vejo muitas pessoas que usam a profissão como a primeira coisa ao se apresentar e que deixam evidente ao se exporem online e offline que são desenvolvedoras. Eu considero que faço isso em algum nível e tenho certeza de que isso influencia a forma como penso, interajo e me relaciono, para bem e para mal. Mas, na minha percepção, a maioria das pessoas não faz isso.
Quanto ao ambiente estressante, tendo a concordar. Tirando alguns profissionais que podem se dar ao luxo de serem mais exigentes na escolha de onde irão trabalhar, na maioria dos casos isso é verdade. E o fato de estarmos em um mercado aquecido, com falta de mão de obra qualificada, acaba criando ambientes onde há muito trabalho a ser feito e poucas pessoas para fazer.
Alguns irão destacar que esse cenário é bom para o profissional, pois via de regra, eleva os salários, mas com certeza é algo que, ao mesmo tempo, gera ambientes mais estressantes. Não é à toa que vemos tantas pessoas tendo de fazer quantidades absurdas de horas extras, e muitos sofrendo de burnout. Nesses casos a importância de uma boa liderança é ainda maior.
7. Hoje você é produtor de conteúdo de Java no YouTube. O que lhe motivou a criar o canal?
Em 2019 eu estava um pouco desanimado com meu trabalho principal, sentia que não conseguia mais resolver desafios como antes devido a barreiras burocráticas, priorizações e outros problemas comuns de grandes empresas. Ao mesmo tempo participei de uma edição da Campus Party onde comecei a conhecer novas pessoas da área e a me relacionar muito mais com a comunidade. Juntei tudo isso com o fato de que havia alguns conteúdos que eu procurava e não encontrava e que já tinha recebido vários elogios quanto à minha didática, e disso caiu o canal do YouTube.
8. Quais são as dificuldades em manter um canal de conteúdo de TI no YouTube?
São várias. A primeira é que um conteúdo bem-feito, com boa didática, bons exemplos e bem explicado, toma bastante tempo de preparação. Outra coisa é a velocidade com que novos temas e tópicos surgem. Conforme você cria uma comunidade, as pessoas querem que você fale de tudo, o que, claro, é impossível. Bons equipamentos também ajudam, apesar de não ser o principal. Hoje, para mim, a maior dificuldade é mesmo o tempo. Como não é um trabalho formal acaba sendo algo que faço apenas no tempo livre, o que às vezes é escasso.
9, Conte como foi sua experiência de realizar uma apresentação online na Campus Party 2021.
Eu já havia feito apresentações antes, tanto online quanto presenciais, então não foi uma grande novidade. O interessante na Campus Party é, geralmente, poder falar para um público mais jovem, também por isso desviei dos assuntos técnicos que geralmente apresento e falei um pouco da minha carreira. Foi muito bom para experimentar um formato novo, rever minha própria história, e ainda ter a possibilidade de ajudar aqueles que estão começando.
10. Como você vê a falta de mão de obra na área de Tecnologia da Informação no Brasil?
Penso muito a respeito disso e vejo várias faces da situação. A primeira é que a formação geralmente é insuficiente. Todos os recém-formados com quem trabalhei até hoje precisavam de um nível razoável de treino para poderem começar a desenvolver sistemas empresariais, e eu passei pelo mesmo desafio.
Outra face é que as empresas, em geral, buscam muito mais profissionais em nível sênior, e tem dificuldade em ajudar na formação de novos profissionais, ainda mais tendo em vista o mercado aquecido e a necessidade por soluções de TI imediatas.
Um lado positivo é que a área de TI emprega cada vez mais pessoas e pessoas que desejam aprender uma profissão sabem que a oferta de vagas está aí. E nada indica que essa aceleração irá diminuir, pelo contrário, a previsão para os próximos anos é de uma necessidade ainda maior de profissionais.
Entendo que isso também mostra para nós, profissionais antigos da área, que talvez esteja faltando algum investimento em soluções mais práticas, mais reutilizáveis, e menos software sendo criado “reinventando a roda”. Todo dia alguém está criando um software para resolver um problema que já foi resolvido inúmeras vezes. Entendo que isso é um assunto que deveria ser mais debatido.
11. Que dicas ou sugestões você daria a um jovem estudante de TI para ingressar no mercado de trabalho?
Vou fazer um resumo da minha última palestra, que foi exatamente sobre isso:
Programar é difícil, não desista na primeira vez, nem na segunda, nem na terceira. Siga em frente, pois a sensação é ótima quando conseguir.
Estudar é algo que você vai fazer para o resto da vida, e a prática é a principal parte do estudo. Pare de se atualizar e você fica para trás em poucos anos.
Aprenda os conceitos do que usa. Frameworks são interessantes, mas você vai trocá-los inúmeras vezes durante a carreira. Entender os conceitos por detrás deles é o que ajuda nessa troca. Ler a documentação ajuda.
Saia da sua caixinha, em algum momento na carreira será importante adquirir experiência em coisas chatas ou desconfortantes, mas que são essenciais para o crescimento.
Se relacione de verdade, o tal da network. Para isso é preciso genuinamente se interessar pelo que outras pessoas têm a dizer.
Abrace as oportunidades que surgirem, são elas que farão você crescer.
Acompanhe o Rinaldo!
rinaldo.dev
youtube.com/rinaldodev
twitter.com/rinaldodev
github.com/rinaldodev
linkedin.com/in/rinaldodev
Você pode ler a revista online aqui no site ou realizar o download. Para isto basta acessar o menu superior Edição Atual e Anteriores, escolher o ano, rolar a página para encontrar a edição desejada. Clicar no botão Ler Online ou Download.
Ew Sistemas TI.