Os desafios de um Agilista
1.Qual sua formação?
Sou formado em Processamento de Dados, possuo MBA em Gestão de projetos. E sou Scrum master profissional certificado pela Scrum.org com as certificações PSM I e PSM II. Funcionário da empresa Engesoftware alocado na BBTS como responsável técnico por uma equipe de 14 Scrum Masters que atuam no Banco do Brasil. Atualmente, também sou estudante do curso de Direito.
2. Para você, quais habilidades são necessárias para um agilista ter uma boa atuação?
Primeiramente, porquê aglista e não Scrum Master? Pra iniciar a conversa, porquê se fôssemos atuar apenas como um scrum master atuaríamos apenas conduzindo eventos previstos no framework Scrum colaborando com o desempenho do time. Entretanto, atualmente, as equipes ágeis não ficam apenas nos conceitos previstos no scrumguide, utilizam outros métodos ágeis, tal como o kanban, fazem coletas de métricas, utilizam de técnicas de gerenciamento de pessoas previstas no Management 3.0 e outra infinidade de metodologias existentes nesse contexto, inclusive, técnicas de desenvolvimento waterfall gerando um ambiente híbrido de desenvolvimento. Então, para atuar de forma mais completa, um agilista precisa estar bem preparado em Scrum, Kanban, Lean, XP, Management 3.0, Formação do PO e além de experiência na área, deve ter também certificações reconhecidas no mercado. Atualmente possuo as certificações PSM I e II e estou em vias da obtenção da SAFe Agilist que abrange a implantação do ágil em escala.
3. Quais os principais desafios de um agilista?
Atualmente, um agilista para atuar de forma positiva em um time ágil, além de estar sempre se capacitando, obtendo certificações que são caras e difíceis, precisa dominar a arte do jogo de cintura, da colaboração entre pessoas, tem de entender de gente basicamente. Conflitos são diariamente frequentes e o agilista precisa ser como um coach (daí o nome da posição Agile Coach) onde ele vai empregar técnicas poderosas para dissipar os conflitos, facilitar a colaboração e obter o máximo que os times possam oferecer criando sempre um ambiente seguro, de confiança e colaborativo. Nas empresas, dificuldades na implantação das técnicas ágeis também é outro desafio que o agilista é apresentado pois, a mudança da cultura, o medo de perderem seus status, afeta pesadamente o ambiente nesse início de trabalho. Fazer com que se altere a forma de pensar que às vezes perdurou por décadas na empresa é complicado mas com o tempo e com os resultados as coisas vão se ajeitando.
4. O Banco do Brasil é uma empresa enorme e centenária, como é aplicar a agilidade nesse ambiente?
Sim, o BB é uma estrutura gigantesca, atualmente temos notícias que se tem mais de 600 times ágeis trabalhando e seguramente muito mais que 5.000 colaboradores envolvidos nessa frente. Tem um padrão antigo e muito enraizado na mente de todos e promover essa mudança não é simples, é um enorme desafio. O maior problema que vejo em atuar nessa estrutura são os canais de comunicação que são muitos e a informação acaba se transformando no caminho. Tem também a dificuldade de se ter autonomia para os times, atributo extremamente necessário e previsto nos métodos ágeis e isto torna moroso algumas entregas. Também, pela estrutura muito grande e hierarquizada, a aplicação dos preceitos de formação de times ágeis ficam comprometidos dado que vários, em contrariedade com o preconizado no framework, precisa compartilhar seus esforços com outras equipes, e isto leva à perda de foco. Então, a negociação também é outra característica que precisa estar sempre presente nos agilistas para que consigam contornar todos esses entraves. Mas, com bastante esforço e dedicação dos nossos times, temos conseguido com êxito aprimorar a forma de trabalho dos times no tocante ao processo de desenvolvimento ágil de produtos e isto tem sido extremamente gratificante.
5. Seu maior desafio em sua carreia qual foi?
Então, trabalho na área de tecnologia desde 1.994 e passei por todos os cargos existentes, desde suporte a usuário até gerente de departamentos de tecnologia, passei pelas indústrias de política, governo, educação, tecnologia bancária e hotelaria. Durante minha jornada, até aqui, tive inúmeros desafios, muita dificuldade mas todos vencidos e obtivemos valiosas lições aprendidas. Eu costumo dizer que o maior desafio é sempre o atual porquê os demais já passaram e com ele aprendemos, então, meu maior desafio da carreira é meu momento atual, onde além de atuar como agilista a frente de dois times ágeis no BB, faço a liderança técnica de outros 14 colegas agilistas onde faço desde o recrutamento, treinamento, onboarding deles nos times que irão atuar até o suporte contínuo. E isto não é fácil pois preciso sempre procurar estar um nível acima que todos em relação ao conhecimento das culturas ágeis e isto não é fácil (e nem barato rs). Ter atitude e discernimento para colaborar com essa equipe que considero de altíssimo nível ,no momento, tem sido meu calcanhar de aquiles, mas, com muita humildade e esforço temos caminhado bem nessa frente.
6. Você, como agilista, acha que o Scrum e Kanban vieram pra ficar?
Eu diria que há tempos estão entre nós, nos últimos anos é que ficaram mais evidentes devido aos benefícios que se tem com essas abordagens onde o principal objetivo é fazer entregas rápidas, constantes para sempre se obter feedbaks reduzindo sobremaneira os riscos envolvidos. Já existem instituições globais que há anos estudam os impactos e resultados de projetos ágeis e comparam com técnicas tradicionais e agora também híbridas onde o ágil desponta a cada ano medido com taxas de sucesso mais que o dobro das outras iniciativas. A taxa de fracasso são até um quinto frente as outras metodologias e tem promovido uma busca incessante pelo conhecimento dessas disciplinas, aperfeiçoamento de times e pessoas e isto tem trazido resultados fenomenais e, não só aplicados ao desenvolvimento de software ou produtos tecnológicos, mas em áreas de recursos humanos, saúde, educação entre outros que vêm se utilizando das técnicas ágeis previstas no Scrum, da gestão visual do Kanban, do pensamento enxuto e evitar desperdícios do Lean que sinceramente acredito que dificilmente haverá outra forma de se trabalhar que não seja usando métodos ágeis.
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