Neste mês de maio, a Revista Carreiras TI entrevistou Rebeca Silva, Bacharel em Sistemas de Informação com experiência de 15 anos em TI, atuando nas áreas de Gerenciamento de Projetos Ágeis, Processos/Negócios, Banco de Dados e Testes. Atualmente atuando como Scrum Master em Squads Distribuídos, responsável pela implantação, acompanhamento, gerenciamento de times, utilizando metodologias ágeis como Scrum, Kanban, OKR´s e Lean. Também atuo part time como Product Owner, onde utilizo de métodos de Lean Inception, Design Thinking, Gestão Upstream, Backlog de Produto, Roadmap do produto, dentre outros, para melhor entendimento negocial, a fim de entregar valor e qualidade ao cliente.

1)Entrevistar uma profissional de TI com tantas certificações será muito enriquecedor para os leitores da revista Carreiras TI.  Você possui um currículo impressionante, com várias certificações relevantes para a área de TI. Gostaria de começar perguntando como você acha que as certificações ajudaram a impulsionar sua carreira até agora?

As certificações foram importantes para impulsionar minha carreira, pois o mercado de TI, exige além da experiência, conhecimento comprovado e certificado da área fim de atuação, pois buscam profissionais que tenham conhecimento e prática nas metodologias, frameworks e tecnologias do mercado. Um breve relato sobre minha experiência sobre a falta de cerificação, em 2015, após uma demissão em massa, me vi na situação de participar em vários processos seletivos, e não conseguir a recolocação profissional, devido a não ter as certificações desejáveis. Foi a partir desta experiência que comecei a reciclar meus conhecimentos e me especializar na área de projetos ágeis. Desde então percebi, que muitas vagas exigem tal expertise.

2) Sim, as certificações são uma forma importante de demonstrar expertise em determinados assuntos. Falando especificamente sobre a área de Gerenciamento de Projetos em TI, como o conhecimento adquirido nas certificações  CSM (Certified Scrum Master), CSPO (Certified Scrum Product Owner) e  SMPC (Scrum Master Professional Certificate)  tem lhe ajudado em suas atividades?

As certificações foram importantes para conhecer uma nova perspectiva no Gerenciamento de Projetos, pois o modelo tradicional de projetos se baseia em um modelo mais rígido, ou seja, existem etapas predefinidas que são: iniciação de projeto, planejamento, execução, monitoramento e controle, encerramento, que devem ser cumpridas de maneira sequencial para que o projeto seja concluído. 

Já na metodologia Ágil há uma flexibilidade no gerenciamento, pois há um prazo curto de desenvolvimento, nos projetos que atuo são de 2 semanas úteis, e as entregas contêm valor agregado, de acordo com a priorização de backlog realizada pelo próprio cliente. 

E a metodologia também possui as cerimônias que possibilitam os acordos, o planejamento de entregas, todas acordadas com o time de desenvolvimento, bem como acompanhamento das atividades, medir o andamento das entregas.

No contexto Ágil, é possível prever o custo do projeto a partir de cada etapa do desenvolvimento, bem como avaliar os riscos e investimentos que possam trazer resultados e satisfação na entrega de valor ao negócio.

Olhando sob uma outra perspectiva, não foram as certificações que me levaram para o conhecimento e experiência no mundo Ágil. Mas sim, uma certa decepção no modelo tradicional de Gerenciamento de Projetos. Eu via muito a insatisfação do cliente, pois os prazos eram extensos demais, primeiro era uma fase de especificação de requisitos, que muitas vezes eram rasos, que quando iam para desenvolvimento acabavam retornando para especificação pois continham muitas falhas negociais, havia muitos riscos, os prazos sempre eram alterados e a qualidade do software nem sempre era o desejado pelo cliente. 

Sempre gostei de produto, era analista de negócio, atuava em contexto ágeis, que não seguiam a metodologia na íntegra, não existia maturidade do time, entres outros fatores. Já em 2019, fui convidada implantar e gerenciar um projeto com processo Ágil, utilizando o Scrum e o Kanban.

Foi bem complicado, mas não impossível, tínhamos prazos apertados, mas mesmo assim conseguimos realizar entregas semanais, trabalhar a maturidade do time, maturidade das entregas e assim fomos criando experiência e melhorando o processo, e o principal: mudar a perspectiva negativa do cliente. 

Hoje, atuo em um outro contrato, onde implantamos o processo ágil, e estamos aos poucos implantando KPI´s para melhoria dos nossos processos, da qualidade do produto, bem como nossas entregas estarem alinhadas ao Planejamento Estratégico.

Ainda não obtive a chance de trabalhar com OKR´s da forma como gostaria, mas creio que em breve isso será possível.

3) E como você define as principais habilidades necessárias para ser um bom ou uma boa Gerente de Projetos em TI?

Pelo meu ponto de vista um bom (uma boa) Gerente de Projetos precisa seguir o que está sendo solicitado e ser um bom negociador com o cliente.

Mas o “ótimo Gerente de Projeto” vai “além do bom”, é empático, se preocupa com seus liderados, é uma influência positiva para o time, pois é constante, organizado e motivado, segue os processos idealizados, consegue negociar com o cliente, com o dono da empresa e com seus liderados. É um mediador de conflitos e de riscos, é inspiração, é cooperação, pratica a holocracia, onde todos tem um papel fundamental para que os resultados sejam positivos.

4) E falando agora sobre  OKRs (Objectives and Key Results) – Objetivos-chave e resultados e  KPIs (Key Performance Indicators) – Indicadores-chave de Desempenho em TI, como o conhecimento adquirido nas certificações  OKRMC (OKR Master Certification) e  KSD (KPI Certified Specialist)  tem contribuído para você definir objetivos e indicadores de desempenho em TI?

A implementação de OKR´s no contrato em que atuo, ainda não tornou-se uma realidade, mas creio que muitos objetivos traçados, estão alinhados com o Planejamento Estratégico da área negocial, visto que os projetos estão alinhados as metas do negócio, e a priorização do backlog, é feita de acordo com o planejamento das ações a serem realizados ao ano que foram planejadas com a área estratégica do órgão federal.

Utilizamos mais indicadores de desempenho em relação aos processos ágeis, à  maturidade do time, à produtividade, à capacidade de entrega e à qualidade. Algumas métricas já utilizadas em outros projetos foram o Diagrama de Fluxo Cumulativo (CFD), que permitia visualizar 3 tipos métricas do fluxo do trabalho que eram Tempo de Ciclo, Taxa de transferência e o Trabalho em progresso.

5) E quais são as principais métricas que você acompanha para medir o sucesso de um projeto de TI?

Hoje as métricas utilizadas, são as voltadas para o Scrum, que são:

1 – Stories planejados versus stories realizados por iteração. A importância deste indicador é descobrir os gargalos que ocasionaram os desvios, e melhorar o planejamento, evidenciar os riscos e gerar planos de ação para resoluções.

2 – Lead Time: É o item que entrou no planejamento (ponto de compromisso) até a etapa de produção (item pronto). Começa a contar quando se compromete com a demanda até a entrega.

3 – Cycle Time: É um tempo de ciclo em cada fase do desenvolvimento, exemplo: Quanto tempo uma tarefa ficou na fase de desenvolvimento, ou teste, ou homologação, ou revisão. Lead Time e o cycle time ajuda a melhorar o Trabalho em progresso. Visa a identificar os gargalos de cada fase do desenvolvimento.

3 – Falhas de Implementação (Defeitos), geralmente classificados nas fases de testes ou em produção.

4 – Sprint burndown: é um gráfico que monitora o progresso das tarefas (horas de projeto) nas Dailies Scrum, para que possamos ver o progresso das entregas, e se estamos como planejados, logo identificamos os desvios, para que não haja fracasso da entrega, sempre há negociações com o cliente.

5 – Burnup: Gráfico que mostras os itens entregues e o quanto ainda faltam para a entrega do projeto, serve para medir a entrega do projeto como um todo, permitindo prever se a entrega será feita na data estimada. Conseguimos visualizar o tanto de esforço gasto e o quanto ainda faltam, ajuda no planejamento do gráfico de Gantt.

6 – Métricas de Mudanças de escopo, este indicador ajuda a verificar os impactos delas no cronograma, bem como seus riscos, limita a ação do cliente também, torna mais responsável nas mudanças de escopo.

E também utilizamos o Kaizen, para a melhoria contínua dos processos. Então, geralmente, faço uma análise das nossas entregas, da taxa de fracasso (itens que não completaram o ciclo de conclusão dentro do time box da sprint), dos riscos, do quantitativo e da classificação de defeitos e dos relatórios de entregas das sprints versus o que tem no planejamento, as taxas de entregas por sprint e apresento a à equipe.

Nas reuniões de retrospectivas conversamos sobre os resultados, sobre as métricas, o que deu certo, o que deu errado, e saímos desta reunião com plano de ações de curto, médio e longo prazo, para garantir dos nossos resultados e qualidade tanto do time quanto do produto. Creio que um dos pontos fundamentais para o sucesso trabalho é o comprometimento, a responsabilidade, a transparência e a comunicação, e ser constante, pois assim tornamos o time motivado e engajado.

Para planejamento de Sprints, utilizo o Gráfico de Gantt, também conhecido como Diagrama de Gantt, é uma ferramenta visual para controlar e visualizar as entregas e os futuros entregáveis, é cronograma de um projeto, que me ajuda a avaliar os prazos de entrega e os recursos críticos.

6) Finalizando… Apresente algumas dicas para os jovens e futuros profissionais de TI, leitores da Revista Carreiras TI… Como os profissionais de TI podem se manter atualizados e como podem encontrar novas oportunidades de trabalho?

Dicas importantes para os jovens, é manterem-se atualizados com as tecnologias do momento, isso seria também frequentar mais as redes sociais voltadas para a área, manter sua rede de contatos ativa, sempre bom participar de grupos de discussões, ver podcasts voltados a área de atuação, participar de programas das empresas voltados para carreira do profissional, geralmente as empresas investem nos novos profissionais e pensar em você no seu plano de carreira, onde você quer chegar com a carreira que escolheu. 

É ser curioso, se manter aberto as mudanças da área de TI, não se deixar acomodar pelo emprego atual, sempre buscar conhecimento. Investir em cursos de Pós-graduação e Certificações é fundamental para o crescimento profissional.

7) Quais são as principais habilidades que os profissionais de TI devem possuir para se destacar no mercado de trabalho atual?

Habilidades que gosto nos profissionais que trabalham comigo e que geralmente se destacam, são: ser proativo, tomar iniciativa de ações do time, demonstrar interesse pelo negócio do cliente, ajudar na melhoria contínua do seu processo de trabalho, não focar somente nas suas entregas, mas sim no objetivo acordado do time e ser comprometido e responsável com o seu trabalho. 

E a cereja do bolo, gostar do que faz, porque quem gosta do que faz, sempre dará o seu melhor.

Você pode ler a revista online aqui no site ou realizar o download. Para isto basta acessar o menu superior Edição Atual e Anteriores, escolher o ano, rolar a página para encontrar a edição desejada. Clicar no botão Ler Online ou Download.