Meu nome é Adriana Leite Faleiro, tenho 45 anos. Sou casada e tenho duas filhas. Quero em 1º lugar agradecer a oportunidade de participar desse belo trabalho que o colega Ednewton de Vasconcelos se propôs a fazer. Por que digo belo trabalho? Porque na nossa época, alguns anos atrás, muitos de nós não tivemos essa oportunidade, essa chance de ter em um único lugar informações que servirão como base ou referência para que muitos tomem a decisão em começar ou até mesmo prosseguir na carreira de TI, a famosa Tecnologia da Informação.
Então vamos lá: um pouco da minha história nessa carreira. Desde nova (mais ou menos com 10 anos de idade), já tinha uma curiosidade por computadores mas não havia computadores disponíveis, como hoje.
Em uma época de férias um primo meu veio de São Paulo aqui para a cidade de Formosa – GO, onde moro e trouxe com ele livros de informática e antes dele ir embora, me disse que não queria mais aqueles e perguntou se eu queria. Na mesma hora, sem acreditar muito, eu disse sim.
Fiquei muito feliz, não tinha nenhuma noção do que ali estaria escrito, mas sabia que era a linguagem que mudaria o mundo. Coisa para gente inteligente, gente rica, “nerds” e assim vai, isto é, dada a minha origem familiar eu não teria nenhuma chance. Isso porque sou de família financeiramente pobre, meus pais não têm estudo, eu estudava em escola pública e enfim para mim seria um sonho, um dia quem sabe poder estudar informática, processamento de dados, os tais computadores.
Peguei aqueles livros e li todos mais de uma vez. Só isso! O tempo passou e, então “UM BELO DIA”, soube de um curso de informática que teria aqui em Formosa. Eu pensei: “Meu Deus, será que meu pai poderá pagar esse curso para mim? Para nós era muito caro. Resumo: meu pai topou e pagou o curso. As aulas eram só aos sábados pela manhã. Ficavam oito alunos por computador e muita aula teórica.
Durante os três meses de curso, eu peguei no teclado uma única vez. Em todo caso já tinha uma esperança dentro de mim. Nessa época eu já tinha feito o curso de datilografia e então logo começou a surgir oportunidades para eu “digitar” trabalhos, pois já era conhecida por “datilografar rápido e bem”. Enfim era digitadora de estoques de farmácia entre outros. Nessa ocasião o computador era um computador CP500.
Em seguida (isso em 1990) veio um novo curso para nossa cidade, e eu para variar queria muito fazê-lo, mas como meu pai já tinha pago para mim, resolveu que pagaria para minhas irmãs e então fiquei de fora. Pense na tristeza.
Passado uns dias vi que uma colega de sala no colégio estava trabalhando nessa mesma escola de informática e eu perguntei o que ela estava fazendo lá e como conseguiu o emprego. Ela disse que era secretária e tal e eu imediatamente disse: Gostaria de fazer o curso porém não tenho dinheiro. Perguntei se ela poderia ver para mim se eu conseguiria trabalhar lá de qualquer coisa e ter o curso em troca. Ela se prontificou em ver meu caso, mas não deu certo.
O tempo passou e logo fiquei sabendo que outros dois conhecidos colegas de escola seriam alunos lá e já trabalhariam como “monitores” nas aulas práticas. Ah… eu fui atrás para saber mais sobre isso, pois eu tinha o mesmo conhecimento deles…
Qual foi a parte boa? Tinha ainda um vaga para monitor. Eu me escrevi para a seleção/prova. Chegou o dia da prova e o que eu sabia? Os livrinhos de “cor e salteados”. Conhecia bem o teclado do computador, mas me mantive firme. O professor oficial então foi aplicar minha prova/entrevista e onde? No computador, na prática… Eu pensava: meu Deus me ajude!
O professor conversou comigo e perguntou sobre minha história, etc. Ele disse formata este disquete… Eu nunca tinha pego um disquete na mão. Era de 5 ¼. Peguei o disquete e coloquei no drive e dei o comando e enter. Ouvi o barulho do drive tentando carregar os dados do disquete. Surgiu na tela a mensagem “vire o disco”. Rapidamente virei o mesmo e começou a formatar com a mensagem “formatando… 1%, 2%, etc… e eu “UFA!!!” “Deu certo!” Formatou todo o disquete e seguimos com a entrevista. Fui aprovada e virei monitora por alguns meses, logo arrumei um emprego bem melhor, em um escritório de contabilidade e informática. Inclusive o dono montou uma escola de informática em três cidades e eu quem organizava o material e dava as aulas.
Fiquei lá um tempo até que tive uma oportunidade ímpar: “Trabalhar em Brasília, montar uma escola de informática em Taguatinga com amigos meus. Eu tinha 19 anos naquela época, montamos a escola e tivemos muito sucesso. Depois montamos uma loja de vendas de computadores. Até aqui eu aprendia o que podia de informática, basicamente sozinha. Dava aulas na escola, dava aula particular e atendia escritórios. Normalmente o que se ensinava era o curso básico: MS-DOS, Wordstar e Lotus 123.
Passado um tempo, ensinamos o Windows 3.1 a grande evolução: cores, ícones, etc. Quando fui trabalhar em Brasília, eu fazia faculdade de História em Formosa – GO. Então eu ia para Brasília no ônibus de 4h da manhã para estar às 8h dentro da sala de aula em Taguatinga. No final do dia pegava o ônibus de volta para Formosa-GO por conta da faculdade e assim foi, até que Deus me deu a oportunidade de prestar vestibular para a faculdade de informática. Em 1995 entrei para a Faculdade Alvorada em Brasília. Me formei em 1998.
Após esse período eu tive uma empresa individual de desenvolvimento de sistemas, depois trabalhei na POLIMED (Empresa de Transação Eletrônica na Área de Saúde), na sequência no MEC. Atuava como analista de sistemas/negócios.
Quanto mais eu estudava e trabalhava, mais percebia que eu precisava me desenvolver.
A parte boa disso tudo é que eu sempre recebi uma boa recompensa pelo meu trabalho. Meus empregos foram bons.
Em 2002 fui contratada pela POLITEC LTDA. Trabalhei lá por 10 anos. Fui analista e coordenadora de testes de software. Depois fui coordenadora de sistemas/Gerente de Projetos em muitos clientes/contratos da empresa.
Trabalhei com pequenas e grandes equipes. Sistemas de baixa e alta plataforma, pequeno e grande porte.
Em paralelo, de 2005 a 2008 eu dei aula no Curso de Bacharelado de Sistemas de Informação – BSI nas Faculdades IESGO em Formosa-GO. Eu chegava de Brasília em cima da hora e logo começava a aula e eu lá na sala de aula. Correria, mas foi muito gratificante. Aprendi muito em sala de aula em contato com os alunos.
Em 2010 a INDRA Company (empresa espanhola) comprou a POLITEC e eu fiquei lá até 2016. Saí e fiquei descansando por 08 meses e nesse intervalo aproveitei e estudei muito para tirar minha certificação PMP do PMI como Gerente de Projetos.
Em 2017 voltei ao mercado de trabalho como Gerente de Projetos – GP na empresa CTIS. Em 2018 na Mirante Tecnologia, em 2019 na CTIS novamente e em seguida na empresa atual que é uma instituição financeira cooperativa. Lá estou como Líder de Sistemas de Informação.
Como você pode perceber uma carreira iniciada mais ou menos em 1989. Estou com mais de 30 anos de “praia” e ainda me considero “principiante”.
Para você que está no começo, vá em frente. O mercado de trabalho de TI é vasto. Não me arrependo de nada até hoje. Só tenho gratidão. Recebo ofertas de trabalho quase que diariamente.
Ah, fiz também MBA Executivo pela FGV que é especialização em Administração de Empresas. Portanto, gestão é a minha paixão. Sempre aprendendo.
Por hora é só! Um grande abraço.
O relato continua com diversas dicas para você que é aluno e está se graduando ou para você que já é um profissional atuante. Ouça na íntegra o Relato da Profª. Adriana na Rádio Web Carreiras TI e no Podcast. Veja como ter acesso a todo o conteúdo.
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É uma história para te inspirar e motivar… principalmente se você é mulher… se não for, também está valendo…
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Ew Sistemas TI.