Especialista em Gestão de Projetos e Liderança Ágil, atualmente no papel de Agile Coach ajudando pessoas, times e empresas em suas jornadas de transformação digital.
Contratado de uma das maiores empresas de Software do Brasil, a Cast Group, passando por papeis como Coordenador de Produção, Scrum Master, Agile Coach, Instrutor, Facilitador e Gerente de Projetos.
Dono de diversas certificações como: #PMP, #CSM, #PSPO, #SAFE, #SA, #PACC, #M3.0 #PSM2 #KMP #KCP

1.Conte-nos um pouco da sua trajetória profissional?

Bom, fazendo um resumo, em uma bela manhã de sol um amigo me convidou para fazer a inscrição na Escola Técnica de Brasília, para o curso de informática industrial, eu nem fazia ideia do que era computador na época, nem tinha PC em casa, mas, fui lá, fiz minha inscrição e isso redefiniu tudo o que eu queria como trabalho para minha vida. Em outra manhã de sol, eu vislumbro um anúncio no Jornal de domingo onde a IBM estava contratando técnicos de TI em Brasília, me cadastrei e passei por todas as entrevistas, mas não fui contratado por não ter experiência em carteira, acabei virando estagiário, depois contratado, líder de equipe, gerente de projetos. Foram quase 12 anos dentro de uma das maiores empresas de TI do mundo, onde alavanquei ótimos resultados e oportunidades, mas, como dizem por ai, recebi um incentivo a ser melhor ainda quando a minha demissão chegou e fui convidado a fazer parte da Cast Group, uma das maiores empresas de TI no Brasil, já tinha longos 5 anos como Gerente de Projetos e agora ia ser Gerente de Projetos de desenvolvimento de Software tradicionais e ágeis, tive de, literalmente, correr atrás para aprender mais sobre esse novo mundo, a agilidade e como conciliar com toda a minha bagagem de GP. Então, lá se vão ótimos seis anos atuando como coordenador e gerente de projetos, Scrum Master, Agile Coach, Facilitador… Aplicando e respirando agilidade no dia a dia. 

2. Uma transformação Lean-Agile proporciona benefícios substanciais. Você pode nos dizer em quais aspectos?

Lean-Agile nos traz uma nova visão sobre qual o proposito, o objetivo de nossas ações, nossos produtos, nossos objetivos. Começamos a colocar a satisfação do cliente como ponto principal, como objetivo a ser alcançado. Então, ter uma transformação baseada em atender o cliente tem diversos impactos, como pensar de forma colaborativa para responder problemas, ser capaz de se adaptar pelo caminho, parar para ouvir mais os nossos clientes e suas necessidades ao invés de imaginar quais seriam as melhores soluções. Isso nos faz ser cada vez mais autogerenciados, autocríticos e cooperativos em nosso dia a dia. 

3. Vários órgãos públicos e empresas privadas tem implantado metodologias ágeis nas suas rotinas e setores. Nas empresas privadas temos a impressão de que existe uma facilidade maior na utilização destas metodologias. Como você acredita que será os próximos anos em empresas públicas?

Tenho trabalhado com ambas as situações, órgãos públicos e empresas privadas. Nas empresas privadas a implementação ágil sempre ocorre de forma mais rápida, pois temos mais liberdade para testar, para tentar parar acertar e errar, patrocinados pelos CEOs ou áreas das organizações. Em contrapartida, em muitos órgãos públicos temos muita hierarquia, egos, processos que devem ser quebrados para ter essa transformação, e, se tratando de governo brasileiro, isso não é tão simples ou fácil, visto que temos muitas regulamentações pesadas envolvidas. Algumas instituições já têm implementado, na medida do possível, pequenas incubadoras ou HUBs de inovação para acelerar essa transformação, mas, mesmo quando essa transformação funciona dentro dessa incubadora, sair dela e espalhar na instituição ainda enfrenta muitas barreiras políticas.

4. Entender e lidar com as pessoas é um desafio em qualquer cenário. As pessoas precisam trabalhar motivadas e felizes. Como agir para manter o nível de felicidade da equipe em alta, ao mesmo tempo que precisamos entregar valor ao cliente?

Eu conheci o management 3.0 em meados de 2018 e desde então tenho encarado a gestão de uma forma diferente, na visão da m3.0 gerencie o sistema e não as pessoas, quando fazemos a gestão do sistema, dando as pessoas oportunidades para elas serem elas mesmas e explorando incentivando os seus motivadores intrínsecos e extrínsecos conseguimos ter ótimos resultados. Então, uso desde sempre ferramentas da m3.0 para isso, como o Delegation Poker, NikoNiko Calendar, Mooving Motivators, Matriz de competências entre outras. Isso varia muito de time para time para você conseguir manter as pessoas felizes e motivadas alinhadas a estratégia de atendimento de entrega de valor ao cliente.

5. Num mundo cada vez mais competitivo, desenvolver produtos que trazem algum tipo de solução para o dia a dia da população é o que faz com que as empresas foquem sempre no que é mais importante: o cliente. De que maneira podemos garantir a qualidade dos produtos que entregamos aos nossos clientes?

Acredito, que o primeiro passo é OUVIR o cliente, suas necessidades e onde você está fazendo essa entrevista e onde estão essas pessoas, nosso país é gigantesco, não faz tanto sentido, por exemplo, você executar várias e várias entrevistas e levantamento de necessidades no sul do brasil e desenvolver um software para lançar no norte. Temos de ser mais assertivos de para que e para quem é o produto, e qual o problema principal que queremos resolver, além disso, nos perguntar, será que já não existe algo pronto que atende isso? Pois será mais rápido a sua implementação. Temos de ter o cliente sempre no centro, entender suas necessidades e priorizar o que vamos resolver antes de querer resolver tudo. Vamos um problema por vez, pequenas entregas para cada pequeno problema ou parte dele e coletar feedback, saber qual a opinião do cliente em relação ao produto que estamos entregando. Fez sentido aquela solução, não fez, o que eu posso melhorar nas próximas entregas. Então coletar um feedback é a principal medida de sucesso ou insucesso daquela solução.

6. Vamos falar um pouco sobre capacitação e desenvolvimento. As profissões da área de Tecnologia da Informação estão em alta hoje e a tendência é que a procura por estes profissionais seja ainda mais acelerada nos próximos anos. Que conselho você pode dar para os profissionais que estão no mercado hoje?

Não deixem para amanhã o que vocês podem fazer hoje e separem um “pedaço” do que você ganha para se tornar cada dia melhor, leia livros, se evolva em comunidades de prática. Se desenvolver de forma constante é o segredo para ser um profissional cada dia melhor, além de você aumentar a sua rede de conhecidos com os quais você pode trocar experiência de novas ideias e práticas para aplicar no seu dia a dia.

7. Uma das suas várias atividades é atuar como facilitador e mentor em vários treinamentos preparatórios para certificações. Como as certificações podem ajudar na carreira em TI e quais as certificações ágeis você considera mais relevantes?

Eu tenho feito diversas mentorias / preparatórios para as provas onde muitos alunos já me disseram que o meu estilo de aula e engajador e provocativo, pois eu sempre provoco muito as pessoas pensarem realmente nas situações e respostas de acordo com cada cenário proposto, aí abro rodas de discussão para depois um entendimento comum de todos e relacionado a aquela certificação. Já recebi diversos feedbacks de que isso tem feito as pessoas saírem diferente após meus treinamentos.

Sobre as certificações ágeis que eu elenco hoje como fundamentais para uma pessoa na área seriam: 
Framework Scum, certificação PSM 1 e/ou PSM2: São certificações da Scrum.org, reconhecidas em todo o mundo e que são baseadas no Guia do Scrum, um dos métodos ágeis mais utilizados no mundo. Essa certificação vai preparar a pessoa a, além de entender e saber o que é o Scrum, a implementar e suportar o mesmo nos times e organizações ágeis. O papel do Scrum master é fundamental para uma transformação ágil de verdade.

Método Kanban, certificações KSD e KSI: São certificações da kanban University bem alinhadas a estratégia Lean Ágil, as quais é totalmente adaptada do modelo TPS para a gestão do trabalho de conhecimento. Enquanto o Scrum se limita a times (mesmo que hoje tenhamos scrum em escala) o kanban não é apenas para nível de time, ele trata do fluxo de valor de ponta a ponta, podemos utilizar desde a estratégia da organização até a entrega dos times de forma evolucionária e constante. O kanban foca no valor da entrega no cliente e possibilita diversos ciclos de feedback dentro do próprio fluxo de trabalho.
Além dessas duas que dei mais ênfase, um profissional também pode ter certificação de gestão ágil como a management 3.0 e desenvolvimento de produtos ágeis, como a Lean Inception. Acredito muitos que esse é o pacote básico de uma pessoa que está à frente de qualquer time ágil. 

8. Outro assunto que acompanhamos com frequência é a quantidade de profissionais que estão fazendo transição de carreira para a área de agilidade. Como você vê esta prática e o que é necessário para que aconteça?

Infelizmente muitas pessoas têm procurado essa mudança devido a treinadores que estão “vendendo sonhos” oferecendo salários de 2, 3 dígitos. Sim, é possível ganhar esse salário, mas não é alguém que irá começar uma migração de carreira que já vai ganhar isso. Depois de entender esse ponto as pessoas precisam ter paciência e humildade, precisam procurar pessoas que galgaram carreira para ser exemplo, para ajudar na carreira, e estarem dispostos a gastar, pois, as certificações não são baratas. Acredito que para alguém mudar de área, é, primeiro, onde ela está, começar a propor uma mudança ágil, a partir de pequenas mudanças. Mapear um fluxo de valor por exemplo, utilizando STATIK do Kanban, provocar pequenas mudanças em seu próprio dia a dia, começar a se envolver em Comunidades de Práticas ágeis e “aparecer”, participar de lives, de encontros e, não ter apenas a teoria, mais procurar praticar em seu dia a dia e onde conseguir. Tenha um mentor para a sua carreira.

9. Não podemos nos esquecer que vivemos em um mundo globalizado e que a comunicação é essencial para os negócios. Pensando nisso, falar uma outra língua (como o inglês) parece tornar-se um conhecimento quase que obrigatório. Como são estas oportunidades em TI quando o profissional tem fluência na língua inglesa?

As pessoas que possuem fluência na língua, principalmente inglesa, geralmente tem melhores oportunidades devido a globalização, tenho dois exemplos reais disso do meu último treinamento onde um dos participantes postou no LinkedIn que tirou a certificação PSM2 e, na sequência, recebeu uma proposta para ir trabalhar em Portugal em um projeto Global onde a fluência no inglês era fundamental, assim como o PSM2. Um outro aluno, postou a certificação e recebeu uma proposta, de uma empresa da florida, para atuar Home Office, ou seja, ele continua aqui no Brasil mais atuando para um time que fisicamente está na Florida, e ganhando em Dólar. 

10. Por fim, deixe aqui os seus contatos para as pessoas que desejam maiores orientações sobre agilidade e as que querem se capacitar nas suas mentorias possam encontrá-lo.

Foi um prazer poder compartilhar um pouco de tanta bagagem, podem ficar à vontade para continuarmos esse papo através do LinkedIn www.linkedin.com/in/lzlopes

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Ew Sistemas TI.