Atingir a maturidade máxima seria um estado de desenvolvimento completo e ajudaria muito no aumento da eficiência e eficácia da TI, além de reduzir os riscos e custos. Então vamos aplicar esta ideia ao projeto de infraestrutura de TI que envolve a rede e o hardware?

Medir a maturidade é possível e extremamente esclarecedor, até porque projetos com baixa maturidade apresentam alto risco, lentidão para resolver problemas e maiores custos.

Há alguns conteúdos na internet que afirmam que atingimos a maturidade em projetos de infraestrutura ou que atingir a maturidade é só fazer um treinamento porque já se passaram 23 anos da divulgação da primeira norma brasileira e 33 anos da pioneira norma TIA. Mas isto não é verdade! Por quê? Somente tempo e preparação não querem dizer alta maturidade, o que realmente importa é a aplicação de técnicas e procedimentos específicos para atingi-la.

Para a gestão de projetos já temos um ótimo modelo para medir a maturidade, pioneiro e popular: CMMI (Modelo de Maturidade e Capacidade Integrado). Também é possível encontrar modelos em infra de TI, como o ITI-MM (Modelo de Maturidade de Infraestrutura de TI).

Todas as iniciativas são muito interessantes, mas falta um modelo que avalie a maturidade da rede de comunicação de cobre ou fibra óptica com maiores detalhes de tecnologia e de processos, que seja uma abordagem detalhista, isenta, fácil e rápida de utilizar.

Nesta parte 1 deste artigo vamos focar em projetos que entregam cabos de cobre até os usuários, utilizando o canal de até 100 metros. Vamos chamar de:

CCMR Cooper Cable networks Maturity Rating.

                 (Classificação de Maturidade para redes de Cabos de Cobre).

E na parte 2 do artigo temos a classificação FCMR que utiliza fibras para usuários.

Então vamos compreender quais são estes níveis de maturidade do CCMR:

Figura 1 – Níveis do CCMR v.5 (Classificação de Maturidade para redes de Cabos de Cobre)

NívelDescritivo
1 – InicialSem uso de normas ou melhores práticas comprovadas.
2 – EscassoUtiliza melhores práticas, mas não utiliza ou utiliza pouco as normas.
3 – PadronizadoUtiliza normas e melhores práticas, mas pode ser melhor gerenciado.
4 – GerenciadoUtiliza normas, melhores práticas e é bem gerenciado com métricas.
5 – ÁgilUtiliza normas, melhores práticas, gerenciado, ágil e otimizado.

O modelo de maturidade serve como uma régua (termômetro), é um indicador de progresso e eficiência. Conhecendo o nível atual é possível ações de aumento da maturidade.

Dentre os níveis que identificam a “maturidade” nos projetos, podemos compreender que o nível 1 é aquele que ignora a aplicação de normas ou melhores práticas.

Já o nível 2 e 3 podemos compreender como um entendimento mínimo, tanto de melhores práticas como normas, mas ainda é ruim no gerenciamento e agilidade.

Por último, o nível 4 e 5 é o estado da maturidade ideal, não vivemos em um mundo de ficção, portanto se você atingiu o nível 4 pode ficar muito orgulhoso porque já é considerado uma ótima maturidade, pois é gerenciado. O nível 5 é o último nível, tem uma mentalidade de melhoria contínua, muita agilidade (rapidez) e maior planejamento para crescimento.

Temos 11 indicadores para serem avaliados, cada indicador tem 3 itens para avaliar, então você vai pontuar o indicador da seguinte forma:

Nota 5 (se atende os 3 itens integralmente).

Nota 4 (se atende a 2 itens e mais 1 parcial).

Nota 3 (se atende somente 2 dos itens).

Nota 2 (se atende 1 item do descrito e parcialmente a outro item).

Nota 1 (se atende até 1 item).

Lembre-se, seja muito honesto com as notas para cada indicador, caso não seja honesto na avaliação então todo o trabalho do nível de maturidade vai ficar comprometido.

Agora chegou o momento de você pontuar os 11 indicadores:

Indicador 1:DescritivoNota
(1-5)
  Longevidade– Tem vida útil de pelo menos 10 anos?  tem garantia?
– Switches são escalonáveis, permitem módulos?
– Switches com funções avançadas e gerenciados?
 
Indicador 2:DescritivoNota
(1-5)
Relatório de certificação– Consegue ter acesso ao relatório em menos de 3min?
– Relatórios prevendo regra dos 3dB de acuracidade?
– Data de calibragem do scanner com 1 ano de validade?
 
Indicador 3:DescritivoNota
(1-5)
Tempo de resposta a incidentes– Tem processo passo-a-passo para casos de problema?
– Possui alarmes ou software que monitoram a rede?
– Passivos são gerenciáveis (camada 1 do OSI)?
 
Indicador 4:DescritivoNota
(1-5)
Práticas e normas– Utiliza melhores práticas no padrão do fabricante?
– Segue 100% em relação a norma NBR 14.565?
– Utiliza normas para complemento? como a TIA-568?
 
Indicador 5:DescritivoNota
(1-5)
  Segurança– O Switch tem recursos de segurança?
– Tem um plano para segurança para as pessoas (NR´s)?
– O projeto da rede e elétrica tem aterramento integral?
 
Indicador 6:DescritivoNota
(1-5)
Qualidade do produto– Material do cabo é 100% cobre?
– Fabricante com suporte local e garantia estendida?
– Cabo com divisor interno e 23 AWG?
 
Indicador 7:DescritivoNota
(1-5)
Produto ESG responsável  – Reciclagem de cabos obsoletos com fabricante?
– Utiliza cabos categorizados como GREEN?
– Produtos tem: ROHS, LSZH-1 ou LSZH-3?
 
Indicador 8:DescritivoNota
(1-5)
Documentação  – Tem documentação em software (AutoCad, BIM)?
– Projeto possui identificação e documento As Built?
– Consegue acesso a documentação em menos de 3min?
 
Indicador 9:DescritivoNota
(1-5)
Profissionais treinados  – Executado com profissional treinado por fabricante de referência, entre 3 maiores de market share BRSA?
– Profissional aprovado na certificação do fabricante?
– Profissional executa normas e melhores práticas?
 
Indicador 10:DescritivoNota
(1-5)
Satisfação do cliente  – Projeto atende a necessidade, expectativa do cliente?
– Cliente está satisfeito com o projeto da rede?
– Cliente confortável para indicar quem fez o projeto?
 
Indicador 11:DescritivoNota
(1-5)
Gestão da TI  – Cliente possui um plano de gestão com métricas?
– Cliente tem aplicado governança c/ ITIL ou COBIT?
– Cliente possui plano de desastres e recuperação?
 

No total você avaliou 33 itens considerados estratégicos para alcançar a maturidade. Agora é recomendado expor o resultado no gráfico:

Figura 2 – Exemplo de uma classificação de maturidade para redes de cobre

            Para finalizar apresento um exemplo real de uma rede que recebeu “3 – Padronizado”, sendo que foi a média dos 11 indicadores. Utilize a regra de arredondamento da ABNT.

Atenção, muito cuidado com quem for avaliar, precisa ser alguém neutro, de preferência externo para aumentar a precisão desta medição. O próximo passo é trabalhar nos pontos fracos para otimizar a maturidade, obtendo assim maior sucesso.

Agradeço a todos fabricantes, distribuidores e empresas de instalação que contribuíram com esta classificação de maturidade. Caso tenha dúvidas, entre em contato com meu LinkedIn.

REFERÊNCIAS:

  1. PMBOK (sétima edição), PMI, 2021.
  2. XAVIER, Carlos Magno da Silva. XAVIER, Luiz Fernando da Silva. REINERT, Juliano Heinzelmann. Projetos de Infraestrutura de TIC. Editora Brasport, 2013.
  3. XAVIER, Carlos Magno da Silva. XAVIER, Luiz Fernando da Silva. REINERT, Juliano Heinzelmann. STOECKICHT, Ingrid Paola. Gerenciamento de Projetos de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento. Editora Brasport, 2014.

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