A ansiedade não é um fenômeno moderno, já existia, tendo sido referida pela primeira vez um conceito que poderia se chegar algo parecido com ansiedade lá pelo século XVII na França (nada comprovado), só em 1808 Johann Reil (1759-1813) criou e usou pela primeira vez o termo ansiedadenão se falava em psiquiatria, não era um linguajar médico da época. Charles Darwin (1809-1882) em seu livro “A expressão das emoções nos homens e animais” (1872) apresentou semelhanças nas reações adaptativas (cognitivas) em situações de perigo. Já Freud (1856-1939) afirmava que a ansiedade pode ser uma transferência genética, mas que tem muito a ver com a tese de Charles Darwin (1809-1882), pois a mobilização de uma energia psíquica auxiliaria a detecção de novas ocorrências do estado de perigo eminente, a tensão cresce por somação. Freud (1856-1939) admite em um texto que “para o campo psíquico, o campo biológico assume um papel de fundo subjacente” (Freud, 1976a, p. 287, parágrafo 2). 

“A ansiedade era vista estritamente sob o enfoque biológico, passando a ser considerada por seus aspectos físicos e destacando-se os sintomas corporais a ela relacionados. Segundo o médico escocês William Cullen (1710-1790), nesse período era comum associar a ansiedade a algum tipo de “doença do nervo”, uma vez que o sistema nervoso era claramente acionado, o que deu origem ao termo neurose”.

Nardi, Valença (2005)

Vem a pergunta à cabeça: “Com ou sem ansiedade?”. Atualmente quem nunca se sentiu ansioso com alguma coisa na vida? Se pode ficar ansioso em uma entrevista de emprego, uma prova do ENEM, um encontro com um(a) possível namorado(a), apresentar um trabalho na faculdade para os colegas e professores, cantar em público, tudo pode ser um motivo para se sentir ansioso, mas nos jovens isto está ainda mais presente, tudo nos jovens é muito, e este muito é com certeza muito aflorado, afinal são turbilhões de hormônios que os preenchem gritando por existência e querendo sair a todo instante. Os jovens são mais suscetíveis a este tipo de transtornos, e hoje ainda tem um fator que teoricamente poderia ser benéfico, mas não é, a proteção exagerada dos pais em alguns casos, e/ou a falta de proteção deles em outros casos, os famosos pais inexistentes, podendo ser daí os gatilhos necessários para as possíveis crises, surtos, tensão, entre outras coisas, que desencadeiam a ansiedade.

Vamos falar dos pais protetores primeiros: Os pais atuais sem perceber, tem com seus filhos uma maneira desesperada de proteger, no afã de não deixar seus filhos passarem por todos os problemas que tiveram em suas vidas (com seus pais), transformam a vida dos filhos, criam uma expectativa do que deveriam ou gostariam que tivessem sido a vida deles, os sufocando muitas vezes e não os deixando ter suas próprias experiências. 

É claro que quebrar a cara quando necessário para assim formar suas personalidades, e nelas deixarem os traços da autoconfiança e segurança em si mais presentes, deveria ser o pensamento dos pais, pois sem essas variáveis, eles podem se tornar jovens frágeis e adultos amedrontados. Sabemos que hoje os tempos estão loucos e cheios de gente de todo tipo, o perigo é real e imediato, e não é fácil quando vemos situações com crianças e adolescentes acontecendo sem podermos fazer nada, em muitas vezes até culpamos os pais sem saber da realidade presente no ocorrido, mas a tal proteção completa, que os pais atuais depositam em sua perfeita concepção de criação, não tem nada de perfeitas, e nem tem forças suficientes para protege-los em alguns casos, mesmo que a vontade e a intenção sejam estas. 

As crianças e adolescentes envoltos nesta maneira de educar os filhos, não são favorecidos em nada, como pensam seus pais. E ainda temos os pais inexistentes, que existem, mas não estão presentes, em pesquisas feitas com jovens em situação de drogas, dão enfoque a falta de regras e coordenação dos pais, como um fator de inclinação para o sub mundo das drogas, buscam nas drogas um escape. A ânsia gerada por não saber o que o meio social espera delas, pode lhes trazer prejuízos para além da ansiedade, regras simples como: ter hora certa de dormir, arrumar a cama e organizar as suas próprias coisas, entre outras tarefas cotidianas tidas como simples, podem diminuir o índice de ansiedade na infância e na adolescência. Muitos profissionais denominam que  boa parte da culpa pode ser atribuída aos excessos, podendo ser os excessos que acabam por determinar sem querer o quanto aquele (a) jovem pode ou não desenvolver algum tipo de transtorno, os excessos de escolhas, de opções, de negligências, de proteção, de descontrole, de violência, de omissão, e até os excessos deixados como uma forma de presente sem mérito, ou data específica pelos pais protetores, que só servem para mimar e desestabilizar emocionalmente esses jovens, achando fazer o bem, estão fazendo o contrário, os deixando frustrados quando não conseguem ter o que querem e tendo todo tipo de reações possíveis e inimagináveis a partir daí.

Para muitos profissionais da área, a ansiedade é muito mais grave que a depressão, e ambas estão denominadas como os piores sintomas emocionais que afligem as pessoas neste século XXI. Ela por si só já é um  potencializador para vários outros transtornos psicopatológicos, como a própria depressão, talvez por causa disso muitos confundem os dois casos.

Afinal o que é ansiedade? Dependendo da intensidade e da pessoa que está sentindo, tanto pode paralisar, como pode acelerar as ações, impedir reações possíveis. São preocupações e ou medos exagerados, sensações de desastres eminentes, medos absurdos de coisas ou situações, falta de controle pelo que pensa e/ou faz, pavor, pânico. Indiscutivelmente cheia de nuances que podem confundir a família, os deixando aflitos, mas contudo, garantimos que a busca por ajuda o quanto antes é necessária e pode surtir um efeito positivo no tratamento.

            Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) estamos vivendo uma nova Pandemia chamada ansiedade. Já eram quase 19 milhões de pessoas com sintomas psicopatológicos caracterizados como ansiedade neste Brasil, o que nos colocou como o País mais ansioso do mundo com uma fatia muito grande da população sendo afetada. Concordamos que é realmente muita gente, estaremos então na “Era da Ansiedade”?, e agora em meio a esta Pandemia da Covid-19, essa fatia teve uma crescente gigantesca de pessoas com os sintomas, afetando a qualidade de vida e o futuro de muitos, mas graças a Deus existe tratamento.

“As síndromes ansiosas são ordenadas inicialmente em dois grandes grupos: quadros em que a ansiedade é constante e permanente (ansiedade generalizada, livre e flutuante) e quadros em que há crises de ansiedade abruptas e mais ou menos intensas. São as chamadas crises de pânico, que podem configurar, se ocorrerem de modo repetitivo, o transtorno de pânico”.

(Hollander; Simeon, 2004).

            Estando em um safari na África, você se vê frente a frente com um leão faminto, o medo logo engatilha uma reação de luta ou de fuga em você, enquanto a ansiedade com a simples pronúncia das palavras “leão faminto”, já ocorre na pessoa uma ameaça distribuída, não é só apenas ver o leão, mas a possibilidade de haver um leão já o impede de ir, ela antecipa qualquer incerteza ou imprevisibilidade, isso já é o gatilho para o ansioso permanecer preocupado, e se preocupa sem saber nem por quê, e nem pra quê, só permanece. Viver com uma ansiedade clínica é alguma coisa além de terrível, algo imensurável,  afeta não só no psicológico da pessoa, mas também o cognitivo e fisiológico, aumentam os níveis de stress, pressão sanguínea, altera o sistema imunológico, um verdadeiro caos na pessoa se instala.

            Acompanhamento psiquiátrico e psicológico é de suma importância, e o quanto antes melhor. Não é algo que se possa deixar para depois porque já, já passa, muitas vezes pode ser necessário medicação, mas a compreensão dos familiares é importante, além disso, praticar esportes, exercícios de controle de respiração, boa alimentação, foco no presente, organização, estar sempre próximo de quem ama, dormir bem, sorrir e tentar ficar tranquilo, se auto conhecer e saber dos seus limites. O quadro de ansiedade pode chegar a durar seis meses, onde a pessoa permanece ansiosa em sua grande maioria dos dias. As variações de tensão, preocupação, angústia, nervosismo e irritação são bem presentes, podendo causar também insônia e falta de concentração, fisicamente pode chegar a ter dores musculares, queimação no estômago, taquicardia, formigamento, percebendo situações gasturantes, onde os nervos afetam a cabeça, deixando uma sensação ruim, prejudicando a vida social da pessoa, causando uma desconstrução social e emocional.

Referências/Fontes:

Dalgallarondo, Paulo; Psicopatologia e simiologia dos transtornos mentais; 2º edição; Artmed; (2008)

Viana, Milena de Barros; Freud e Darwin: ansiedade como sinal, uma resposta adaptativa ao perigo; Natureza Humana; vol. 12; nº 01; São Paulo-SP; (2010).

(http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302010000100006)

Coutinho, Fernanda Corrêa; Dias, Gisele Pereira; Beviláqua, Mário César do Nascimento; História;                        

(https://www.larpsi.com.br/media/mconnect_uploadfiles/c/x/cxe.pdf)

Arreal, Sandra; DROGAS E FAMÍLIA, ENTENDA O PAPEL DA FAMÍLIA; CATEGORIA: DEPENDÊNCIA QUÍMICA, PSICOTERAPIA FAMILIAR, (18 de julho de 2019)

 (https://psicoter.com.br/drogas-e-familia/)

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