1) Fale um pouco sobre sua formação, experiência profissional e sala de aula.
A formação…
Minha carreira na área de TI teve origem a uma mudança de rumo, chamada de “carreira em Y”. Minha graduação foi na área de logística militar, em 1982. E o primeiro contato com a TI ocorreu no ano de 1980, com o aprendizado de programação na linguagem Cobol, em cartões perfurados. As operações logísticas daquela época já faziam uso de sistemas de informação para controle de estoque e fiquei familiarizado com os formulários de atualização de dados e os relatórios de controle.
A transição…
O reconhecimento da necessidade de transição da área de logística para TI ocorreu quando trabalhei para as Nações Unidas, em Moçambique, no ano de 1993. Lá, em minha equipe, tinham colegas da Suécia, Uruguai, Bangladesh e Malásia e somente eu tinha conhecimento de informática, e por isso fiquei encarregado de produzir e enviar os relatórios de operações semanais, via satélite Inmarsat.
A experiência profissional…
Ao retornar ao Brasil, decidi fazer a transição “formal” para a área de TI e fiz especializações em Análise e Projeto de Sistemas e Gerência de Redes de Computadores. Esses cursos me habilitaram a trabalhar na área de TI. No início, trabalhei em projetos de desenvolvimento e de integração de sistemas e banco de dados corporativo. Depois, gerenciei projetos de sistemas de Gerenciamento Eletrônico de Documentos, de Educação à Distância e de Infraestrutura de TI.
Após a graduação, houveram outros investimentos em sua formação?
Sim, fiz Mestrado em Logística, especializações em Análise e Sistemas de Redes,
Psicopedagogia, Supervisão Escolar, Docência do Ensino Superior e vários cursos de extensão.
Como foi sua entrada em sala de aula?
A entrada em sala de aula surgiu após alguns convites para ministrar, inicialmente, em um curso de pós-graduação e depois na graduação. Ministrei ao longo dos últimos 20 anos disciplinas como Lógica de Programação, Programação Pascal, Projetos de TI, Inteligência Artificial, Sistemas de Informação Gerencial, Sistemas de Apoio à Decisão, Sistemas de Informação Inteligentes, Arquitetura de Computadores, TI para Administração e Contabilidade e as disciplinas relacionadas à logística e à gestão, como Gestão de Suprimentos e Logística, Gestão de Operações Produtivas, Gestão das Informações, Processos Organizacionais, Gestão de Projetos, Gestão de Canais de Distribuição, Jogos de Negócios, dentre outros.
2) Como você vê os jovens que ingressam nos cursos de TI?
Os alunos dos cursos de tecnologia chegam às Instituições de Ensino Superior (IES) achando que aprenderão programação e o desenvolvimento de sistemas e aplicativos em um “piscar de olhos” e se frustram, particularmente no início, com os estudos de matemática, algoritmos e lógica de programação. E sem base nessas disciplinas, ao chegarem nas disciplinas de programação propriamente ditas, se decepcionam. A maioria dos cursos de TI das IES não orientam os alunos, desde o início, que as carreiras de TI são muitas: desenvolvimento, banco de dados, infraestrutura, segurança, redes, suporte…
Muitos alunos somente terão essa visão ao final do curso…
Em relação a isso, o papel do professor que não é “apenas” docente e tem experiência de mercado, tanto em empresas públicas ou privadas, é fundamental ao contribuir para ampliar a visão dos alunos em como devem escolher, tão cedo quanto possível, uma linha para se desenvolver técnica e profissionalmente.
3) Como é a sua experiência docente em sala de aula?
Sou um professor “contador de histórias”. Para cada assunto ministrado apresento exemplos reais, práticos e “causos” que ajudam a assimilar o conteúdo e associar os exemplos aos fundamentos e conceitos teóricos estudados. A realização de exercícios contextualizados com problemas reais, por meio do emprego das metodologias de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) ou Aprendizagem Baseada em Projetos contribuem para a preparação do aluno para ser um “resolvedor de problemas” e ter mente aberta para solucionar diferentes tipos de problemas, algumas das soft skills mais procuradas pelos recrutadores.
4) Conte uma experiência sua a respeito disso.
Há cerca de 10 anos, as redes sociais não tinham o impacto e a influência como nos dias de hoje. Passei um trabalho e seminário sobre o uso, a análise e o impacto das redes sociais nas empresas, aos alunos da disciplina de TI para Administradores. Era o final do primeiro semestre. Os alunos realizaram o seminário, corrigi, debati e o semestre acabou. Na volta às aulas, no semestre seguinte, uma aluna apresentou um testemunho de como tinha conseguido uma recolocação de emprego ao participar de um processo seletivo e houve um questionamento sobre como aquela empresa poderia explorar o uso das redes sociais para obtenção de relevância e vantagem competitiva. A aluna deu um show e ganhou a vaga! Fiquei muito feliz com esse testemunho.
5) Muito interessante, conte outra, por gentileza…
Conduzi um projeto de atualização da disciplina de Gestão de Projetos para uma IES, para reformular, a partir do zero, o conteúdo programático, as provas, os exercícios, as dinâmicas, os trabalhos…
A cada semana, os alunos tinham atividades a realizar, na prática, de um Plano do Projeto real adaptado, como: a escolha da metodologia, a criação da Estrutura Analítica do Projeto, a estimativa de tempo e elaboração do cronograma com Gráfico de Gantt, a estimativa de custos, recursos e riscos, dentre outras.
Ao final da disciplina, dois alunos deram testemunhos extremamente satisfatórios. Um aluno gostou tanto da metodologia que se candidatou em um processo seletivo para o cargo de Consultor de Varejo. Neste processo ele deveria apresentar aos donos da empresa um planejamento de como atuaria com uma equipe de vendedores em diversas regiões em um projeto de expansão da empresa.
Ele decidiu montar um portfólio totalmente baseado nos conhecimentos e ensinamentos adquiridos da disciplina. Ao fazer sua apresentação, com os principais planos de gerenciamento de um projeto, os donos ficaram surpresos pelo domínio das técnicas de gestão apresentadas pelo aluno. É claro que foi selecionado! O outro exemplo é de uma aluna que está encarregada de adequar sua empresa à nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) até o mês de julho/2021. Ela utilizou os conhecimentos de gestão de projetos para organizar as atividades de acordo com a estimativa de tempo, de custos e de recursos de um projeto.
Todos os processos de seu dia a dia foram facilitados com o uso das ferramentas aprendidas e praticadas em sua atividade profissional.
6) O Sr. é feliz como docente?
Com certeza! Os feedbacks de alunos como esses demonstram que a atividade docente tem gerado frutos no desenvolvimento pessoal e profissional deles. O sucesso deles é o nosso sucesso!
7) O que o Sr. acha do Ensino a Distância (EAD)?
Como preparar Docentes e Discentes para o EAD? Sou professor de EAD desde 2007. Iniciei nos cursos livres da Fundação Getúlio Vargas – FGV e depois de graduação e de pós-graduação. Cursei diversos cursos de extensão e de especialização na modalidade a distância para conhecer e me familiarizar com os diversos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Os docentes, além de conhecerem o AVA de sua instituição precisam demonstrar proatividade em responder, com oportunidade as demandas dos alunos. Os alunos de EAD são muito ansiosos e muitos deles, apesar de serem das gerações Y, Z e Millenium, ainda se sentem inseguros com o uso da tecnologia na educação.
8) Baseado em sua experiência como profissional e professor universitário, o que o Sr. diria para quem almeja uma carreira promissora no mundo da tecnologia?
A área de TI e suas carreiras continuarão em elevada demanda nos próximos anos. Teremos os adventos dos projetos da 5ª Geração de telefonia celular (5G) e de Internet das Coisas (IoT) em breve, que demandarão profissionais de desenvolvimento de sistemas e aplicativos, de redes de computadores, de segurança da informação, de arquitetura e infraestrutura…
Quem estiver preparado nessas áreas poderá desenvolver uma carreira promissora e de sucesso…
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Ew Sistemas TI.