Por Waelson Negreiros (convidado do mês).

Você já trabalhou com algum babaca durante sua trajetória profissional? Se sua resposta for ‘sim’, você sabe o quanto esse tipo de indivíduo é capaz de arruinar um ambiente de trabalho, tornar o time menos produtivo e até mesmo causar sérios impactos mentais negativos nos colegas. 🙄 Neste artigo, compartilho alguns insights do fantástico livro ‘The No Asshole Rule: Building a Civilized Workplace and Surviving One That Isn’t’, escrito por Robert Sutton, que aborda esse tema no mundo corporativo e como os gestores devem lidar com ele.

Tanto na engenharia de software, como em muitas outras áreas, a cultura do local de trabalho e as interações interpessoais desempenham um papel crucial no sucesso geral de uma equipe ou empresa. Um livro que aborda de forma incisiva esta questão é “The No Asshole Rule: Building a Civilized Workplace and Surviving One That Isn’t“, escrito por Robert I. Sutton, professor de Stanford. Neste artigo, comentarei sobre como alguns dos princípios apresentados no livro podem ser aplicados à engenharia de software para melhorar tanto a moral quanto a produtividade do nosso time.

O livro de Sutton, originado de um ensaio para a Harvard Business Review, tornou-se um fenômeno após receber mais de mil e-mails e testemunhos. Ele vendeu mais de 115.000 cópias e ganhou o Prêmio Quill de melhor livro de negócios em 2007, refletindo sua relevância e impacto.

A premissa central do livro é que comportamentos de intimidação no local de trabalho prejudicam a moral e a produtividade. Sutton propõe uma regra simples para filtrar funcionários tóxicos: a “regra do não babaca”. Ele insiste no uso da palavra “babaca” porque palavras como “valentão” ou “idiota” não transmitem o mesmo grau de negatividade.

Sutton distingue entre “babacas temporários”, que podem estar passando por um mau momento, e “babacas certificados”, que são consistentemente desagradáveis. Ele argumenta que mesmo pequenas ações, como tratar alguém como invisível ou dar olhares desagradáveis, podem se acumular e afetar negativamente a saúde mental de uma pessoa.

No contexto da engenharia de software, onde o trabalho em equipe e a colaboração são essenciais, a aplicação da “regra do não babaca” pode ser vital. Ambientes tóxicos podem sufocar a inovação e reduzir a eficiência, enquanto ambientes saudáveis promovem a criatividade e aumentam a satisfação no trabalho.

Sutton também destaca o custo total dos babacas para as organizações, incluindo horas gastas em gerenciamento de conflitos e custos de clientes perdidos. Em ambientes de desenvolvimento de software, onde os projetos são muitas vezes complexos e estressantes, a presença de um “babaca” pode exacerbar esses desafios, levando a atrasos e resultados de qualidade inferior.

Além disso, Sutton aconselha as empresas a adotarem a “regra de um babaca”, sugerindo que ter alguns “babacas simbólicos” pode servir como um lembrete do comportamento a evitar. Esta abordagem pode ser particularmente útil em ambientes de alta pressão como a engenharia de software, onde a linha entre a paixão pelo trabalho e o comportamento abusivo pode ser tênue.

Finalmente, Sutton ressalta que, enquanto é essencial filtrar babacas, uma empresa não deve recrutar “covardes sem espinha”. Argumentos construtivos são benéficos e ajudam os trabalhadores a apresentar melhores ideias. Isso é especialmente verdadeiro na engenharia de software, onde a resolução de problemas e a inovação são fundamentais.

Em suma, a aplicação da “regra do não babaca” no campo da engenharia de software não é apenas uma questão de criar um ambiente de trabalho agradável; é uma estratégia essencial para promover a saúde mental, a inovação e a eficiência. Como Sutton ilustra em seu livro, a escolha entre ser ofensivo e ser ignorado é clara: um ambiente de trabalho civilizado é fundamental para o sucesso a longo prazo.

Waelson Negreiros
Líder técnico e arquiteto de software com mais de duas décadas de experiência na condução de projetos de inovações tecnológicas e liderança de time de alta performance. É especialista em cloud computing e desenvolvimento de sistemas em larga escala e de alta disponibilidade.

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