PARTE I

            Em umas de suas canções Caetano Veloso dizia “És um senhor tão bonito, quanto a cara do meu filho, tempo, tempo, tempo…”, O tempo para muitos é um sábio mestre, ensina a todos sem distinção e deixa suas marcas indeléveis para confirmar, saber entender que as nuances do tempo na nossa vida só vem com o passar dele, com a maturidade que ele distribui, nunca de outra forma.

“Eu queria que as pessoas nascessem velhas e morressem crianças. Pensem bem: o homem quando resolve viver, e quando tem tempo para isso, já está no fim da vida – careca, barrigudo, sem a menor disposição para nada. Por isso é que seria uma boa, o homem nascer velho e morrer criança. Nascia com 80 anos e ia ficando moço até morrer na infância”. (ANYSIO, 1977)

            Essa proposta não seria de nada ruim, creio que todos neste mundo de meu Deus já ouviu aquela frase “Se eu tivesse 20 anos com a cabeça que tenho hoje, seria outra coisa”, porque a idade privilegia-nos com experiência, vivência, e a maturidade nos conforta com o saber, já que, afinal, a esta altura foram dadas muitas cabeçadas na vida, portanto se pressupõe que ao chegar na terceira idade, os idosos sabem um pouco mais que os mais jovens.

            Aos idosos nós deveríamos ter muito mais respeito e consideração, afinal devemos tanto a eles, em muitos casos a vida, o cuidar, o aprendizado, as referências vem deles, até para aqueles que não fazem parte da nossa árvore genealógica, mas se tornam exemplo, nossos professores no nosso tempo de juventude também são referências importantes para todos nós.

Com as mudanças dos costumes, a longevidade ficou mais presente, as novas gerações optaram por ter menos filhos que as antigas gerações, e há alguns casos dentro deste novo perfil social que nem filhos tem e nem querem, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 1940 a taxa de fecundidade dos brasileiros era de 6,16 filhos por cada mulher, enquanto em 2014 reduziu para em média 1,57 filhos por cada mulher, uma redução significativa.

Com estas decisões tomadas, tivemos como consequências uma expectativa de vida/longevidade bem maior na nossa população, ainda segundo o IBGE, o Brasil tinha como expectativa de vida da população em 1900 de 33,7 anos e em 2014 tivemos em pouco mais de um século um salto significativo desta expectativa de vida da população brasileira, aumentando em mais de 40 anos, pois passou de 33,7 anos para 75,4 anos, trazendo à tona, necessidades que outrora não tínhamos na sociedade.

“As alterações ocorridas no território brasileiro como resultado das transformações econômicas, demográficas, políticas e ambientais nas últimas décadas”. (FIGUEIREDO, 2016)

            Segundo MENDES, GUSMÃO, FARO & LEITE, 2004, em 1980 no Brasil tínhamos uma proporção de 16 idosos para cada 100 crianças, enquanto no ano 2000, 20 anos depois, a proporção já era de 30 idosos para cada 100 crianças. Ou seja a população idosa só tende a crescer.

São outras prioridades, e envelhecer com dignidade virou não somente uma vontade de alguns, mas um direito de todos, em 1° de outubro de 2003 foi criada a Lei 10.741 e é instituído o Estatuto do Idoso, destinado a assegurar os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, e as obrigações com os idosos da família e do poder público.

            Segundo a avaliação do IBGE, essa “radical transformação do padrão demográfico corresponde a uma das mais importantes modificações estruturais verificadas na sociedade brasileira, com reduções na taxa de crescimento populacional (de 2,01% entre 1872 e 1890 para 1,17% entre 2000 e 2010) e alterações na estrutura etária, com crescimento mais lento no número de crianças e adolescentes (cujo percentual era de 42,6% em 1940, devendo chegar a 14,1% em 2050), paralelamente a um aumento da população em idade ativa e de pessoas idosas (4,1% em 1940, com projeção de 29,4% para 2050).

            Com toda esta transformação populacional dentro da terceira idade, vemos cada dia mais os idosos sofrerem com alguns tipos de violências, desde violência física, assim como também, a verbal, psicológica, financeira, patrimonial e o abandono, em muitos casos podemos ver que a família do idoso (a) é o principal algoz dele (a).

            No artigo 3oda Lei vemos que “É obrigação da família, da comunidade, a sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.

            Abandono, no dicionário significa o ato e a consequência de abandonar, a ação de deixar uma coisa, uma pessoa, uma função ou um lugar. Gerando no idoso auto fobia.

REFERÊNCIA

CALÓ, Fábio Augusto. Auto fobia: Medo da Solidão. Brasília – DF. 2019. www.inpaonline.com.br Disponível em: https://inpaonline.com.br/blog/autofobia/  acesso em 07/07/2022 às 12h.

Estatuto do Idoso com a Lei 10.741 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm acesso em: 29/06/2022  às 13h.

FIGUEIREDO, Adma Hamam de. Brasil: Uma Visão Geográfica e Ambiental do Início do Século XXI. 2016. Ed. IBGE 

MENDES, M. R. S. S. B; GUSMÃO, J. L. de; FARO, A. C. M. e; LEITE, R. de. C. B. de O. A situação do Idoso no Brasil: Uma Breve Consideração. São Paulo – SP. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/9BQLWt5B3WVTvKTp3X8QcqJ/?format=pdf  acesso em: 07/07/2022 às 13h.

MINAYO, M. C. de S. Violência Contra Idosos: Relevância Para Um Velho Problema. Rio de Janeiro – RJ. 2002. www.scielo.br Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/RqXm785ywkK9dYxTwMvfmXz acesso em 06/07/2022 às 10h. 

Nascer Velho, Morrer Criança por Chico Anysio. Rio de Janeiro-RJ. Programa Fantástico. Rede Globo de Televisão. 1 vídeo de 4:39 minutos. 1977/2012  Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kt8g7XcLjQQ acesso em: 07/07/2022 às 11h.

O Abandono de Idosos no Brasil. Florianópolis – SC. 2022. www.redacaoonline.com.br Disponível em: https://redacaonline.com.br/temas-de-redacao/o-abandono-de-idosos-no-brasil/20220430464470 acesso em 07/07/2022 às 14h.

OLIVEIRA, Nielmar. IBGE: Expectativa de Vida dos Brasileiros Aumentou Mais de 40 Anos em 11 Décadas. Brasília – DF. 2016. www.agenciabrasil.ebc.com.br. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-08/ibge-expectativa-de-vida-dos-brasileiros-aumentou-mais-de-75-anos-em-11  acesso em 07/07/2022 às 10h.

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