O tempo transformou todo o conceito sobre o Autismo, trouxe as famílias para dentro de cada caso, vivenciando e transformando-os para um acolhimento muito além do que era antes, retirando a todos, daquela zona de conforto existente, claro que ainda existe muitas coisas a mudar, a adaptação é necessária, e como dizia o slogan de uma propaganda na televisão dos anos 80 e 90 “Não basta ser pais, tem que participar”.

            O termo autismo origina-se do grego autós, que significa “de si mesmo”. Foi empregado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço E. Bleuler, em 1911, que buscava descrever a fuga da realidade e o retraimento interior dos pacientes acometidos de esquizofrenia. 

O autismo compreende a observação de um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade principal: comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividades restrito-repetitivas.

Alguns dos principais sinais e sintomas do Autismo são: 

  • Dificuldade em interagir
  • Contato visual é algo muito raro
  • Dificuldade em fazer amigos
  • Dificuldade em expressar ideias e emoções, sentimentos
  • Raramente tem expressões faciais
  • Raramente usa gestos
  • Compreensão de pontos de vista
  • Irritação, agitação, nervosismo
  • Dificuldade em dormir
  • Mudança de comportamento, alterações, repetições
  • Dificuldade para iniciar ou manter uma conversa, um diálogo

Somente uma equipe multidisciplinar, pode diagnosticar o              TEA – 

Transtorno de Espectro Autista em uma criança, nesta equipe deve ter um psicólogo, um psiquiatra, um fonoaudiólogo, um pediatra e um neuropsicólogo. Que munidos de todas as informações necessárias sobre a criança, a gestação, e sobre os pais, aliando tudo isso a uma observação minuciosa da criança, fará alguns testes para chegar ao diagnóstico de autismo.

            As causas que influem para uma criança ter o transtorno ainda não são totalmente conhecidas, mas atualmente se pondera geralmente os fatores genéticos, hereditários e ambientais, como os fatores principais relacionados ao desenvolvimento do autismo.

            O autismo é um transtorno que não tem cura, mas o tratamento pode ajudar na melhoria da qualidade de vida, em alguns casos é prescrito tratamento com fármacos, além da psicoterapia e do acompanhamento com os outros profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar.

“É importante ressaltar que o autismo não é uma doença, mas sim um modo diferente de se expressar e reagir, que, apesar de não ter cura, não se agrava com o avanço da idade. No entanto, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhores serão a qualidade de vida e a autonomia da pessoa”. (SANI SANTOS RIBEIRO, 2022)

            Os desafios são diversos, alguns difíceis de assimilar, mas o pior de todos com certeza é o preconceito social, lidar com todo o estigma criado no senso comum e a piedade das pessoas pode ser algo que se vê muito no dia a dia das famílias com crianças autistas.

E apesar disso os autistas também surpreendem quando demonstram suas qualidades, eles conseguem lembrar por muito tempo de detalhes e acontecimentos, tem facilidade para aprender a ler e tem habilidades com músicas, números e arte, por exemplo.

A ludoterapia pode ajudar muito quando usada na terapia do autista, pois ela mergulha no mundo lúdico da criança, e aplicam o brincar como a maneira ideal para ser usada dentro das sessões.

Vale ressaltar que os programas de intervenção voltados ao TEA – Transtorno do Espectro Autista são diversos e consideram uma multiplicidade de fatores para sua elaboração, como a idade, os comportamentos alvos da intervenção e as estratégias a serem utilizadas. A importância das intervenções tem sido reiterada como forma de aperfeiçoar o atendimento dessa população e seus familiares, de forma a impactar no desenvolvimento subsequente.

É válido ainda informar que o governo instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro Autista (Brasil, 2012), em que as pessoas com TEA são consideradas como pessoas com deficiência para os efeitos legais e têm garantia de atendimento especializado.

“O eixo de atendimento de qualquer trabalho terapêutico estabelecido para atenção e reabilitação para o autismo devem ser a ampliação de suas possibilidades comunicativas e a inserção social, com objetivo de estimular a autonomia desses indivíduos” (Brasil, 2015).

Trabalhando no processo terapêutico e multidisciplinar, as possibilidades comunicativas, aumentam as chances de inserção social, melhorando assim, o repertório de vida tanto do indivíduo portador do transtorno, quanto da família. Importante ainda salientar, que a escolha dos métodos a serem trabalhados pela equipe, deve ser considerada pela mesma, de acordo com a singularidade de cada caso, lembrando que não há uma única abordagem a ser utilizada no atendimento.

Há considerável consenso na literatura científica de que nos TEAs há significativo déficit da cognição social. Pessoas com TEA, mesmo as com alto funcionamento (com linguagem, inteligência e interações sociais normais ou próximas do normal), apresentam dificuldades de diferentes níveis em tarefas de cognição social, como reconhecimento de emoções (sobretudo negativas, como aversão, tristeza e susto) e de emoções expressas pela voz, na percepção, na interpretação e uso de regras sociais e na teoria da mente (sobretudo nas formas mais sofisticadas da teoria da mente).

Conhecer todas as possibilidades para convivência com as crianças com TEA, os desafios é algo muito importante para a família, e não abandonar todo o tratamento com a equipe multidisciplinar que é necessária para a criança, sabendo que os pais também se for possível devem também fazer terapia com um psicólogo, cuidar da saúde mental é tão importante quanto da saúde física e orgânica, e a saúde mental dos pais de um autista são sempre atingidas de uma maneira ou de outra dentro do contexto.

De acordo com pesquisas, sabe-se que as intervenções e métodos educacionais com base na psicologia comportamental têm trazido a redução nos sintomas mais agressivos do espectro autista, e assim consegue promover uma variação nas habilidades sociais, dentro da comunicação e dos comportamentos adaptativos. Esse método de intervenção e ensino é conhecido como a análise do comportamento aplicada ou ABA.

Como características gerais da intervenção baseada na ABA, a identificação de comportamentos e habilidades que precisem ser melhorados, tais como: a comunicação e interação social, que são umas das principais limitações de quem possui autismo. Esse método possui grande suporte científico e tem sido o método de intervenção mais usado, é amplamente adotado nos atendimentos clínicos, sobretudo nos Estados Unidos, para promover a qualidade de vida de pessoas com TEA.

No Brasil, ABA está gradualmente ganhando espaço enquanto método de intervenção para o autista, mas ainda não possuímos um número suficiente de profissionais com treinamento apropriado na área. 

A restrição desses avanços em pesquisas, no nosso país, se dá, infelizmente, pelo pouco investimento nas pesquisas sobre análise do comportamento, o que nos causa um atraso de desenvolvimento nesses estudos, que promoveriam as mudanças necessárias nos comportamentos socialmente mais importantes para criança com TEA. 

É preciso um constante esforço para que se consiga progressos da comunidade cientifica dentro do contexto que falamos. Dessa forma, enquanto o campo de pesquisas progride gradativamente, a psicologia poderá cumprir o seu papel de melhorar a qualidade de vida das pessoas, especialmente daquelas com o TEA – transtorno do espectro do autismo, aos quais requer uma atenção em especial e um trabalho multidisciplinar constante, com o envolvimento da equipe e da família.  

REFERÊNCIAS:

RIBEIRO, Sani Santos. Autismo: O que é, sintomas e tratamento.  www.tuasaude.com 2022. Disponível em: https://www.tuasaude.com/autismo-infantil/ acesso em 05/08/2022 às 16h.

Brasil (2012). Diretrizes metodológicas: elaboração de revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados/Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. Disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica acesso em 09/08/2022.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019.

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.12 no.1 Belo Horizonte jan./jun. 2019. Disponível em http://dx.doi.org/10.36298/gerais2019120109. Acesso em 09/08/2022. 

TODOROV,  J.  C.;  HANNA,  E.  S.  Análise  do  comportamento  no  Brasil.  Psicologia: teoria  e  pesquisa, v. 26, p. 143-153, 2010.

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