O filósofo Blaise Pascal(1623-1662) foi um dos primeiros a falar sobre o conceito de angústia em pleno século XVII, para ele a angustia era o centro da personalidade humana, para fugir desta angústia o homem sempre buscaria a diversão, o prazer.
Jáno século XIX outro filósofo SorenKierkergaard(1813-1855), que em seu livro “O Conceito da Angústia” disse; que nós somos basicamente angústia, percebendo naquela época que existe dificuldades latentes muito presente em nós, e que devemos conviver com elas, tais como:
- Dificuldade em estabelecer valores
- Desorientação quanto aos objetivos
- Real propósito da vida
- Sensação de vazio
- Incertezas
- Excessos de cobranças
- Excessos de questionamentos
- Sentimento de culpa
- Frustração
Freud(1856-1939) em seus estudos sobre angústia, definiu a existência de dois tipos de angústias, a angústia realista e a angústia neurótica. Sendo angústia realista aquela que surge na eminência de algum perigo externo, onde aumenta sugestivamente sua atenção sensorial e a tensão motriz. Já a angústia neurótica, não se fundamenta externamente, se referindo muito claramente a um sentimento interior.
Mas se angústia não passa, e não tem cura, e nem solução, o que cabe ao homem fazer? Onde ele pode buscar uma sustentação para essa existência? Como viver com esta sensação incessante e que persiste por vários dias? São tantas incógnitas, tantos questionamentos.
Para alguns, somente na fé pode se conseguir este equilíbrio. Para outros é encarar de frente estes pensamentos como testemunha e deixá-los ir e vir sem absorvê-los, respeitando-os, mas não temendo-os. Segundo (REIS, 2022), Winnicott presume um desenvolvimento inicial saudável, sendo que este depende de um ambiente emocionalmente estável e contínuo, que é dado acima de tudo pela mãe através do holding fornecido à criança.
Por tanto há de se entender que todo o fator histórico-cultural, todo o ambiente em que a pessoa teve sua vivência tem um fator preponderante muito forte na construção destes sintomas de angústia que o aflige.
A angústia pode ser confundida com depressão, ansiedade, pânico e até com problemas cardíacos, em geral ela é oriunda de alguma questão emocional que ainda permanece mal resolvida, ou pode ser de origem existencial, e uma vez ali, a angústia pode tanto paralisar a pessoa como impulsioná-la.
Como uma pessoa em estado de angústia com todo seu sofrimento consegue viver dentro de uma sociedade cada vez mais pautada pelas noções de uma filosofia burguesa, urbana e capitalista, em sua lógica foi normatizado que o homem é regido pelo contexto de mérito, resultado, eficácia e produtividade.
Competência em estado bruto, algo cobrado de todos nós, mas se mesmo dentro deste conceito atual, o indivíduo ainda se consome em dúvidas, e com tudo isso lhe corroendo a angústia suplanta suas nuances dentro de seu ser. Daí mais uma vez vem à pergunta: afinal por que existimos? Para que existimos?
E em outra realidade que vivemos que está cada dia mais presente e é cada vez mais cobrada, o indivíduo passa a buscar sua estética social, seu padrão virtual permanentemente presente, linkado 24 horas por dia, onde a selfie particular é uma forma possível de preenchimento do seu vazio existencial. será?
Afinal em seu pensamento a partir dali ele pode conseguir um tanto de likes e compartilhamentos que pode vir a ser suficiente ou até mais do que o tanto que ele queria, e assim poderá até desestruturar seus heaters (desafetos), e com isso pode enfim vir a sentir-se aceito, reconhecido, percebido, e conseguir chegar a um significado, será?
Mas se mesmo com toda está ação que pode elencar várias percepções de si. E mesmo quando a pessoa se encontra no silêncio pressuposto de uma noite chuvosa, onde aquele despretensioso vazio existencial te suga e volta a te incomodar, mostrando a dura realidade a que você está inserido, e se essa realidade não lhe satisfaz, não lhe completa, não preenche? Reconfigurando assim toda a sua ansiedade neurótica.
Então assim sem um nexo real, o indivíduo está na fase mais viva da sua angústia neurótica, é necessária uma ajuda terapêutica para que ele encontre forças dentro de si que o ajude nesta batalha que vem travando consigo mesmo. Para (REIS, 2022), Winnicott desenvolve a sua teoria do desenvolvimento emocional do indivíduo, tendo por objeto os relacionamentos interpessoais: o indivíduo não apenas adquire uma autoconsciência pessoal, como sendo alguém que não apenas se relaciona com o ambiente, mas que, cedo ou tarde, toma parte na manutenção e na recriação dele.
A angústia para Freud é a matriz de todos os afetos e o sinal que apela para o recalque, já segundo Lacan, a angústia é um afeto que não engana, sendo assim a divisão do sujeito entre o gozo e o desejo, na clínica psicanalítica a angústia é o afeto por excelência.
A procura por terapia, pela escuta de um psicólogo pode e deve ser um ponto de suma importância para o indivíduo com estes sintomas, a angústia não é uma caminhada fácil e requer ajuda, antes que seja desencadeada uma depressão e ou algum outro transtorno. Para (RIBEIRO, 2007, p.35), “a psicoterapia não tem necessariamente que ver com a cura e sim com a mudança”, ou seja todo o processo de mudança pode ajudar nesta jornada em busca de um bem estar”.
REFERÊNCIAS
Reis, Ernani Maia dos. O Desenvolvimento Emocional do Ser Humano em Winnicott. São Paulo – SP. (2022). In: EPP – Escola Paulista de Psicanálise. Disponível em: https://www.apsicanalise.com/index.php/blog-psicanalise/48-artigos/268-o-desenvolvimento-emocional-do-ser-humano-winnicott acesso em 14/05/2022as 15h.
Tomaselli, Tovar. A Angústia em Freud, Sob a Lente da Psicanálise. (2018)Disponível em: https://www.redepsi.com.br/2008/10/12/a-ang-stia-em-freud/ acesso em: 14/05/2022 as 11h.
TV CULTURA SP. Mundo Contemporâneo Repleto de Adultos Infantis. São Paulo TV Cultura, 2022. 1Video (50 minutos). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LodmevO_0Gg acesso em 13/05/2022 as 14h.
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